A MORTE
DO DISCERNIMENTO EM UMA CABANA
Considerações
sobre uma Heresia Celebrada e Amada por muitos, inclusive Evangélicos
“Enquanto tentava
estabelecer algum equilíbrio interno, a raiva voltou a emergir. Energizado pela
ira, Mack foi até a porta. Decidiu bater com força para ver o que acontecia,
mas, no momento em que levantou o punho, a porta se escancarou e diante dele
apareceu uma negra enorme e sorridente. Mack pulou para trás por instinto, mas
foi lento demais. Com uma velocidade surpreendente para o seu tamanho, a mulher
atravessou a distância entre os dois e o engolfou nos braços, levantando-o do
chão e girando-o como se ele fosse uma criança pequena. E o tempo todo gritava
o seu nome, Mackenzie Allen Phillips, com o ardor de alguém que reencontrasse
um parente amado há muito perdido. Por fim, colocou-o de volta no chão e, com
as mãos nos ombros dele, empurrou-o para trás, como se quisesse vê-lo bem”.[1]
]
I – SOBRE O LIVRO
O parágrafo acima é um trecho de um livro que alcançou o 1º lugar na lista dos
mais vendidos do The New York Times. Além disso, tem se mantido durante
quarenta e três semanas seguidas na lista dos 10 mais vendidos da Revista Veja.
Atualmente, figura como o 2º colocado. Trata-se do livro A Cabana, escrito por
William P. Young, formado em Religião, nos Estados Unidos.
O que esse livro tem em seu escopo, que fez com que alcançasse grande sucesso,
vendendo milhões de exemplares? O segredo reside no tratamento dado ao assunto
que é comum a todos os seres humanos: o sofrimento. Ele conta a história de um
homem de 56 anos, Mackenzie Allen Phillips, pai de cinco filhos e casado com
Nannete A. Samuelson. Num determinado final de semana, Mack leva toda a família
para um acampamento no Parque Estadual do Lago Wallowa, no estado americano do
Oregon. Logo no dia seguinte, quando preparava café da manhã para os seus
filhos, dois deles, Josh e Kate, pediram-lhe para dar um último passeio na
canoa de um casal amigo. Com a permissão do pai, ambos empreenderam tal
passeio. Porém, os dois se desequilibraram e viraram a canoa, o que fez com que
Mack mergulhasse imediatamente para salvar Josh, que ficara preso embaixo da
canoa. Nesse ínterim, sua filha mais nova, a pequena Missy foi sequestrada por
um estranho. Uma longa e desgastante busca foi feita na tentativa de encontrar
Missy. Seguindo algumas pistas, como relatos de que ela tinha sido vista numa
picape verde, Mack e a equipe de busca chegaram a uma cabana em ruínas, onde
encontraram o vestido da criança rasgado e encharcado de sangue.
A partir daí, Mack passou a enfrentar um sofrimento terrível (denominado no
livro como Grande Tristeza) por conta do sumiço e subsequente assassinato de
sua filhinha. Um emaranhado de sentimentos passou a acossá-lo, inclusive a
revolta por Deus ter permitido tal brutalidade, e a culpa por ter se
descuidado. Além disso, Mack sofria muito ao perceber como sua filha Kate
estava cada vez mais distante e isolada. Ele queria ajudá-la, mas não sabia
como.
A Grande Tristeza o acompanhou por alguns anos até que, durante uma tempestade,
ao verificar a caixa de correio, Mack se deparou com um bilhete datilografado,
com os seguintes dizeres:“Mackenzie,
já faz um tempo. Senti sua falta. Estarei na cabana no fim de semana que vem,
se você quiser me encontrar. Papai”.[2] Ao verificar a caixa de correio, Mack
se deparou com um bilhete datilografado por Deus, convidando-o a ir até à
cabana onde sua filhinha fora assassinada, para ali receber a cura para o seu
sofrimento. Depois de relutar muito, Mack foi até lá, e ao chegar, deparou-se
com a Trindade. O restante da narrativa mostra o desenrolar dos acontecimentos
durante o final de semana em que Mack desfrutou da companhia das três Pessoas
da Trindade e foi transformado em um novo homem.
Os objetivos de William Young ao escrever essa obra foram nobres e elogiáveis:
1) apresentar o conceito de que o sofrimento humano possui sentido; 2) ensinar
que Deus usa o nosso sofrimento e a nossa dor com vistas a um propósito maior.
O grande problema é que o autor, na tentativa de cumprir seus objetivos, lança
mão de conceitos heterodoxos, heréticos, blasfemos e antibíblicos. O que segue
é uma análise, ainda que perfunctória, à luz da teologia bíblico-reformada do
conteúdo perigoso apresentado pelo livro A Cabana, que tem prestado um
verdadeiro desserviço ao Cristianismo. Minha preocupação ao escrever esta
resenha não é destruir o deleite das pessoas. Antes, parto de uma preocupação
pastoral, visto que esse livro tem sido lido por pessoas da igreja onde sirvo,
e endossado por líderes descomprometidos com uma saudável teologia bíblica. Não
tenho como objetivo ensinar prisão mental e espiritual. Muito menos ensinar uma
forma de obscurantismo tridentino, confeccionando um novo Index de livros
proibidos. Minha intenção é ajudar as pessoas a discernirem o que está por trás
do best-seller A Cabana.
II – CONCEITOS HERÉTICOS
2.1. FEMINIZAÇÃO DE DEUS
O primeiro grande problema apresentado no livro é a feminização de duas das
três Pessoas da Trindade. Como pode ser observado na citação feita logo no
início, Deus, o Pai, é apresentado como“uma
negra enorme e sorridente”, chamada
de Elousia. Já Deus, o Espírito santo, é descrito como“uma mulher pequena, claramente
asiática”, chamada de
Sarayu.[3] Deus, o Filho, Jesus, é o único que
escapa da feminização. No entanto, ele é descrito como um homem “do
Oriente Médio e se vestia como um operário, com cinto de ferramentas e luvas.
Estava de pé, tranquilamente encostado no portal e com os braços cruzados,
usando jeans cobertos de serragem e uma camisa xadrez com mangas enroladas
acima dos cotovelos, revelando antebraços musculosos”.[4]
O inusitado é que Elousia, o Pai, diz a Mack o seguinte: “Mackenzie,
eu não sou masculino nem feminina, ainda que os dois gêneros derivem da minha
natureza. Se eu escolho aparecer para você como homem ou mulher, é porque o
amo”.[5] O ponto é que na Bíblia não há nenhuma
indicação de que Deus intente realizar esse tipo de coisa, visto que,
primeiramente, ele é espírito, não podendo ser concebido a partir de concepções
que envolvam qualquer tipo de “aparição” à parte de sua revelação na bendita
pessoa do Senhor Jesus Cristo. Na encarnação, Deus se revelou em Jesus Cristo,
de maneira que este é a revelação perfeita, a expressão exata do seu Ser
(Hebreus 1.3). Além disso, ao longo de toda a Escritura, Deus sempre faz
referência a si utilizando termos masculinos. Somente alguém que renega o
conceito de inspiração das Escrituras é capaz de sugerir algo que não encontre
precedente na revelação canônica de Deus. William Young vai além dos limites
bíblicos, e até onde sei, isso é heresia!
A apresentação de Deus Pai e do Espírito Santo como duas mulheres se constitui
numa quebra flagrante e gritante do Segundo Mandamento (Êxodo 20.4-6), cujo
princípio proíbe a construção de qualquer imagem, inclusive mental, para
representar qualquer uma das Pessoas da Trindade. Na exposição que faz sobre os
pecados proibidos no Segundo Mandamento (Pergunta 109), o Catecismo Maior de
Westminster diz o seguinte:
Os pecados proibidos no segundo mandamento são: o estabelecer,
aconselhar, mandar, usar e aprovar de qualquer maneira qualquer culto religioso
não instituído por Deus; fazer qualquer imagem de Deus, de todas ou de qualquer
das três Pessoas, quer interiormente no espírito, quer exteriormente em
qualquer forma de imagem ou semelhança de alguma criatura...[6]
Onde William Young fez, primeiramente, as imagens do Pai e do Espírito Santo
como duas mulheres? A resposta é: em sua mente! Creio que seja pertinente citar
o comentário que o Dr. Johannes Geerhardus Vos faz acerca da resposta do
Catecismo:
Porque Deus é puro espírito, sem forma corpórea, e qualquer
imagem ou representação que o homem possa fazer dEle dá somente uma falsa idéia
da Sua natureza. Assim como nos intima o Catecismo, isso é verdadeiro não
importando se a imagem ou representação de Deus tenha sido produzida
externamente, ou se é apenas interna à mente de alguém. Em ambos os casos a
tentativa de visualizar Deus é pecaminosa e só pode falsificar ou distorcer a
revelação dEle apresentada na Bíblia.[7]
Alguém ainda pode argumentar, afirmando que, “se Deus quiser,
ele pode aparecer pra alguém como uma mulher. Além disso, a figura feminina
desperta maior encanto e fascina mais do que a figura masculina”.[8] Várias objeções podem ser apresentadas
a esta afirmação, no entanto, apresentarei apenas três: Primeiramente, Deus já
quis se revelar em forma humana. E, de fato, ele já se revelou em Jesus Cristo,
portanto, qual a necessidade de uma nova “aparição” em forma humana? Em segundo
lugar, será que a figura feminina é capaz de despertar maior encanto e fascínio
do que a pessoa mansa e humilde do Senhor Jesus Cristo? Por que o Pai não
pensou nisso? E em, terceiro lugar, esta afirmação se constitui num pressuposto
assumido, porém, não provado. Na verdade, é impossível prová-lo!
2.2. CRISTOLOGIA HERÉTICA
Os conceitos apresentados a respeito da pessoa de Jesus Cristo também são
completamente deturpados. O ponto mais grave é a confusão a respeito das duas
naturezas de Cristo. Transcrevo abaixo parte de um diálogo entre Mack e Deus, o
Pai, a respeito de Jesus:
- Mackenzie, eu posso voar, mas os humanos, não. Jesus é
totalmente humano. Apesar de ele ser também totalmente Deus, nunca aproveitou
sua natureza divina para fazer nada. Apenas viveu seu relacionamento comigo do
modo como eu desejo que cada ser humano viva. Ele foi simplesmente o primeiro a
levar isso até as últimas instâncias: o primeiro a colocar minha vida dentro
dele, o primeiro a acreditar no meu amor e na minha bondade, sem considerar
aparências ou consequências.
- E quando ele curava os cegos?
- Fez isso como um ser humano dependente e limitado que confia na minha vida e
no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não
tinha poder para curar ninguém.[9]
Nesse ponto, caro leitor, peço que você pare e leia novamente o diálogo
supramencionado. De acordo com William Young, Jesus, como ser humano não tinha
poder para curar ninguém. É impossível conciliar esta afirmação com a seguinte
afirmação do próprio Jesus: “Mas Jesus disse: Quem me tocou? Como
todos negassem, Pedro com seus companheiros disse: Mestre, as multidões te
apertam e te oprimem e dizes: Quem me tocou? Contudo, Jesus insistiu: Alguém me tocou, porque senti que de
mim saiu poder” (Lucas 8.45, 46). No episódio em
questão, Jesus não deixou de ser humano. É possível que algum ignorante,
afeiçoado às heresias, argumente a partir de Lucas 5.17: “Ora,
aconteceu que, num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali
assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia,
da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele
para curar”.
É possível que o ignorante pense: “te peguei!”. Será mesmo? Pois bem, peço a
ele que leia o que diz Lucas 4.14: “Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e a sua
fama correu por toda a circunvizinhança”.Aqui, Jesus realizava sua
obra pelo poder do Espírito Santo. Mas, existe alguma passagem que indique que
Jesus tinha poder? Existe alguma passagem que não indique que ele realizava
seus feitos pelo poder do Pai ou do Espírito? Sim, há! Lucas 9.1 faz a seguinte
afirmação: “Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre
todos os demônios, e para efetuarem curas”. Por possuir poder foi que Jesus
concedeu poder e autoridade aos doze.
Young ignora três coisas: 1) as três Pessoas da Trindade compartilham dos
mesmos atributos, incluindo o poder; 2) Jesus, quando encarnou não perdeu
nenhum dos atributos essenciais da Divindade, visto que isso é impossível; e 3)
a encarnação não eclipsou nenhum dos atributos de Jesus. É verdade que a sua
natureza humana limitou alguns de seus atributos. Ainda assim, isso é
completamente diferente de se afirmar que Jesus não tinha poder para curar
ninguém.
Ao longo de todo o livro, a impressão que o autor deixa é que Jesus ainda se
encontra limitado por sua natureza humana, desempenhando o papel de um admirador
embasbacado de sua própria criação, datada de uma época distante, quando ele
era o Verbo.[10]
2.3. NEGAÇÃO DO CONCEITO
BÍBLICO DE AUTORIDADE
Outro grave problema exposto em A Cabana é a negação do conceito bíblico de
autoridade, como sendo uma instituição divina. William Young expressa por meio
de uma ficção sua convicção de que o conceito de autoridade é algo estranho a
Deus, tratando-se, na verdade, de uma mera convenção humana. Mais uma vez,
transcrevo parte de um diálogo:
- Os humanos estão tão perdidos e estragados que para vocês é
quase incompreensível que as pessoas possam trabalhar ou viver juntas sem que
alguém esteja no comando.
- Mas qualquer instituição humana, desde as políticas até as empresariais, até
mesmo o casamento, é governada por esse tipo de pensamento. É a trama do nosso
tecido social – declarou Mack.
- Que desperdício! – disse Papai, pegando o prato vazio e indo para a cozinha.
- Esse é um dos motivos pelos quais é tão difícil para vocês experimentar o
verdadeiro relacionamento – acrescentou Jesus. – Assim que montam uma
hierarquia, vocês precisam de regras para protegê-la e administrá-la, e então
precisam de leis e da aplicação das leis, e acabam criando algum tipo de cadeia
de comando que destrói o relacionamento, em vez de promovê-lo. Raramente vocês
vivem o relacionamento fora do poder. A hierarquia impõe leis e regras e vocês
acabam perdendo a maravilha do relacionamento que nós pretendemos para vocês.[11]
Que conceito pernicioso! Contraria passagens bíblicas como Romanos 13.1-7, que
afirma que as autoridades foram constituídas por Deus, e Efésios 5.21-6.9, que
apresenta o mandamento apostólico inspirado acerca da autoridade e submissão
que devem existir nos relacionamentos interpessoais. Um pouco mais adiante, o
livro exala um forte odor marxista, quando
William Young escreve: “A autoridade, como vocês geralmente
pensam nela, é meramente a desculpa que o forte usa para fazer com que os
outros se sujeitem ao que ele quer”.[12]
É preciso que se enfatize que o princípio de autoridade não é uma mera
convenção humana, que tenha como objetivos a opressão e a servidão. A Bíblia, a
Palavra de Deus, afirma categoricamente que, Deus instituiu o princípio de
autoridade e constituiu magistrados para governarem a sociedade. Ademais, Deus
instituiu a autoridade ao constituir Adão como vice-regente da criação, para
governá-la como representante do Criador. Deus disse: “Façamos
o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio...” (Gênesis 1.26). No que concerne aos
relacionamentos, o princípio de autoridade também foi instituído por Deus desde
cedo, quando ao criar Eva, Deus declarou que ela seria uma “auxiliadora
idônea” (Gênesis
2.18), e quando, após a Queda, Deus proferiu as seguintes palavras a Eva: “...
o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará”(Gênesis
3.16).
2.4. SOTERIOLOGIA PLURALISTA
Outra doutrina nociva ensinada no livro é uma espécie de soteriologia
pluralista, ou seja, William Young ensina que não apenas a Igreja cristã é a
beneficiária dos méritos da morte de Jesus Cristo. De acordo com ele, Jesus
salva o indivíduo sem, necessariamente, trazê-lo para o seio da Igreja. Mais
uma vez, é pertinente citar suas próprias palavras. A citação é longa, porém,
necessária para se entender o contexto:
- Mack, eu as amo. E você comete um erro julgando-as. Devemos
encontrar modos de amar e servir os que estão dentro do sistema, não acha?
Lembre-se, as pessoas que me conhecem são aquelas que estão livres para viver e
amar sem qualquer compromisso.
- É isso que significa ser cristão? – Achou-se meio idiota ao dizer isso, mas
era como se estivesse tentando resumir tudo na cabeça.
- Quem disse alguma coisa sobre ser cristão? Eu não sou cristão.
A idéia pareceu estranha e inesperada para Mack e ele não pôde evitar uma
risada.
- Não, acho que não é.
Chegaram à porta da carpintaria. De novo Jesus parou.
- Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou
mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não
votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que
foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores,
americanos e iraquianos, judeus e palestinos. Não tenho desejo de torná-los
cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em
filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados.[13]
Depois de ler estas palavras, algumas perguntas gritam para ser feitas: Os que amam a Jesus Cristo estão em todos os
sistemas? Existem budistas que amam a Jesus? Mórmons? Jesus não possui o
desejo de trazer os seus para fazerem parte do seu Corpo Místico? É possível
que alguém seja salvo por Jesus Cristo e viva sem fazer parte da sua Igreja?
Qual o conceito de Igreja esposado por William Young?
Infelizmente, percebe-se nas palavras do autor de A Cabana um desprezo por
aquela que nas Escrituras é chamada de “a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21.9). Além disso, mesmo
negando, William Young acaba ensinando que “todas as estradas levam” a Deus.[14] O conceito de que, fora da Igreja não
há salvação é menosprezado e negado pelo autor desta obra infame.[15]
Muitas outras heresias poderiam ser apontadas, como por exemplo, o conceito
libertário da vontade, segundo o qual, os homens são completamente livres para
amar ou deixar de amar a Jesus. Em toda a obra, o autor afirma que seguir a
Cristo, amá-lo e obedecê-lo é pura e simplesmente, uma questão da vontade. Com
isso, ele se posiciona ao lado de heresias como o pelagianismo, o
semipelagianismo e o arminianismo. Na página 205 há algo muito sutil que passa
despercebido por muitos. Na verdade, alguns leitores chegam ao ponto de achar
meigo e doce. Num determinado momento, Jesus vem até onde Mack e Papai estão, e
dá um beijo nos lábios deste. O ponto é que tal beijo acontece apenas depois
que Deus, o Pai deixa a forma feminina e assume a forma masculina. É tão sutil
o que aparece nas páginas que muitos incautos lêem e não percebem o que está
sendo sugerido.
III – CONCLUSÃO
Os conceitos heterodoxos e perniciosos apresentados por William P. Young, no
seu livro A Cabana, são muitos. Foram apresentados aqui apenas alguns. A
conclusão à qual se pode chegar é que se trata de uma obra extremamente
perigosa, que tende a formar a opinião das pessoas de maneira errada,
completamente diferente daquilo que é apresentado pelas Sagradas Escrituras.
Trata-se de um livro extremamente perigoso e nocivo, que está sendo amplamente
consumido pelas pessoas, inclusive por evangélicos. É impressionante como na
cidade onde moro (Marabá-PA), o livro pode ser encontrado até mesmo nas
livrarias evangélicas. As pessoas lêem o livro, mas não conseguem discernir o
que possuem em mãos. Muitas chegam a dizer que foram extremamente abençoadas ao
lerem A Cabana. Sinceramente, não sei como alguém pode ser abençoado no erro e
no engano.
O pior é perceber que o livro é endossado por líderes evangélicos e pastores.
Na contra-capa há uma afirmação assustadora do cantor gospel canadense Michael
W. Smith: “Esta história deve ser lida como se
fosse uma oração – a melhor forma de oração, cheia de ternura, amor,
transparência e surpresas. Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção
para ler este ano, leia A Cabana”. Isso induz muitos analfabetos
funcionais ao erro. Também encontramos pastores que recomendam o livro de forma
entusiasmada. Minha tristeza ao constatar tais fatos é enorme, pois percebo o
quanto os ditos evangélicos se distanciaram das Sagradas Escrituras e abraçaram
outras coisas em nada abençoadoras.
As pessoas lêem o livro, mas não procuram conhecer mais a respeito do autor, de
suas convicções, não lêem imbuídas de um espírito crítico. Para que todos
tenham uma idéia, o livro de William P. Young foi rejeitado nos Estados Unidos
por todas as editoras cristãs e seculares. As editoras seculares o rejeitaram
porque falava muito em Jesus. Já as cristãs por considerarem-no herético. Para
que o livro pudesse ser publicado, Young, juntamente com alguns amigos teve que
fundar sua própria editora. Aqui no Brasil, o livro foi publicado pela mesma
editora de O Código da Vinci e de outras obras nada ortodoxas. Isso já deveria
servir como uma espécie de alerta, mas não serve. As pessoas imaginam que
porque um livro fala em Deus e em Jesus Cristo, necessariamente, trata-se de
algo saudável. Alan Kardec também fala em Deus e em Jesus! Não estranharei se
daqui a alguns anos líderes e pastores endossarem efusivamente os escritos
espíritas às suas ovelhas.
Por essas e outras é que afirmo que o discernimento foi assassinado em uma
Cabana!
Kyrie Eleison![1] William P. Young, A Cabana, (Rio de Janeiro: Sextante, 2008), 73.
[2] Ibid, 19.
[3] Ibid, 74.
[4] Ibid, 75.
[5] Ibid, 83.
[6] CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER, (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), 143-144.
[7] Johannes Geerhardus Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, (São Paulo: Os Puritanos, 2007), 344.
[8] Afirmação feita por um ardoroso defensor da abominação em questão.
[9]
[2] Ibid, 19.
[3] Ibid, 74.
[4] Ibid, 75.
[5] Ibid, 83.
[6] CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER, (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), 143-144.
[7] Johannes Geerhardus Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, (São Paulo: Os Puritanos, 2007), 344.
[8] Afirmação feita por um ardoroso defensor da abominação em questão.
[9] William P. Young, A Cabana, 90.
[10] Ibid, 100.
[11] Ibid, 112.
[12] Ibid.
[13] Ibid, 168-169.
[14] Ibid, 169.
[15] É importante que o leitor compreenda que, ao fazer esta citação não estou defendendo o conceito católico romano de que, fora da Igreja Católica Apostólica Romana não há salvação. O ponto enfatizado é que, aqueles que forem salvos por Jesus Cristo, inevitavelmente serão trazidos para juntos da sua noiva, o seu Corpo Místico, a Igreja.
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