Reconheça nas embalagens três vilões da saúde do coração
Tabela de informação nutricional dos alimentos é obrigatória
desde 2003
Muitos consumidores desconsideram este tipo de informação a
mais nas embalagens de produtos alimentares. Mas a obrigatoriedade da impressão
da tabela nutricional nos rótulos dos alimentos produzidos no Brasil existe
desde 2003 e fornece importantes dados sobre a composição que pode tanto
beneficiar quanto prejudicar a saúde. A nutricionista e pesquisadora Fernanda
Reis de Azevedo, do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo, ajuda a
desvendar quais são os principais vilões das artérias coronárias.
Inimigo número 1: Sódio
Muito mais que gordura, a adição de sal em produtos
industrializados é tão corriqueira que às vezes nem nos damos conta. "O
sódio faz parte da composição de muitos adoçantes utilizados em alimentos
dietéticos, como os refrigerantes light", afirma Fernanda. Sem perceber,
achando que estão consumindo menos calorias, as pessoas ingerem quantidades
exageradas de sal que são como uma bomba para hipertensos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a proporção de
brasileiros com hipertensão arterialcresceu de 21,5%, em 2006, para 24,4% em
2009. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no nosso país
se consome em média 12 gramas de sal por dia, o dobro do recomendado.
O problema do consumo excessivo de sal é que ele provoca
retenção de sódio e água nos rins, o que aumenta o volume de sangue em
circulação. Com um fluxo sanguíneo maior correndo pelas artérias, a pressão
arterial fica mais alta. Levantamento do Ministério da Saúde feito em 2009
também mostra que a doença não ocorre apenas entre os idosos. Entre adultos com
até 34 anos, 14% apresentaram hipertensão, e esta a proporção é maior entre
mulheres (27,2%) do que entre homens (21,2%).
Inimigo número 2: Gordura trans
Ela foi inventada pela indústria alimentícia para deixar os
alimentos mais saborosos e conservados, mas hoje já é considerada a grande vilã
da saúde coronária, que entope os vasos sanguíneos e pode causar até acidente
vascular cerebral (AVC). É sabido também que gestantes que consomem muita gordura
trans, por exemplo, podem prejudicar o desenvolvimento neurológico do feto,
além de ter mais chances de ter um filho obeso.
Produzida a partir de um processo químico, ela se encontra
em maior quantidade em bolachas, pipocas de microondas, chocolates, sorvetes,
salgadinhos, pastéis, folhados, tortas, bolos e outros alimentos que levam a
adição de margarina.
Produtos que contém gordura trans não deveriam ir para a
cesta de compras, segundo Fernanda. Por não ser sintetizada no organismo
humano, ela permanece depositada no corpo. Como não é essencial para a saúde,
não há um valor recomendado de ingestão. O ideal é não consumi-la nunca, mas a
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans
não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta (numa alimentação de 2 mil
calorias equivale a dois gramas diários, quantidade presente em três bolachas
recheadas). Entretanto, até biscoitos do tipo água e sal contêm gordura trans.
Em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
determinou que o item gordura trans passasse a ser impresso na tabela
nutricional do rótulo dos alimentos. Porém, além de difíceis de serem
interpretados, estes dados às vezes são maquiados por mensurarem a presença de
gordura trans em fatias inexpressivas ou mínimas de produto.
Inimigo número 3: Gordura saturada
Por ser um tipo de gordura encontrado principalmente em
produtos de origem animal, é difícil de evitá-la. Ela está presente em carnes
vermelhas e brancas (principalmente na pele das aves), leite e derivados
integrais (manteiga, creme de leite, iogurte e nata), além de alguns azeites. É
comprovadamente a responsável por aumentar o colesterol ruim (LDL) que se
deposita nas artérias, elevando o risco de problemas no coração. A recomendação
para indivíduos saudáveis, segundo Fernanda, é de até 10% do total calórico
diário consumido.
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