Sociologia No Brasil
1-GERAÇÃO DE 30
A sociologia, como atividade voltada para o conhecimento
sistemático e metódico da sociedade, só aparece na década de 30 com a fundação
da Universidade de São Paulo, embora o pensamento sociológico já existia no Brasil
dês do final do século XIX, desenvolvido por Euclídes da Cunha em sua obra Os
Sertões e nas idéias abolicionistas e republicanas.
Nessa época uma das preocupações em geral dos intelectuais
era o interesse da descoberta do Brasil verdadeiro, contradizendo aquela visão
etnocêntrica dos europeus. Buscavam também desenvolver e modernizar a estrutura
social brasileira.
Os intelectuais desse período ficaram conhecidos como
geração de 30, dentre eles podemos destacar:
1.1-Gilberto Freire
Gilberto de Melo Freire nasceu em Recife PE em 1900. Sua
obra em geral representou um divisor de águas na evolução cultural do Brasil e
contribuiu para que o país encarasse com mais confiança seu papel no mundo
moderno.
Indo fazer sua pós-graduação nas universidades norte-americanas
de Baylor (Waco, Texas) e Colúmbia (Nova York) onde esteve sob a influencia de
Frans Boas. Ao termino do curso apresentou em 1922 a tese: Social live in
Brazil in the middle of 19th century (A vida social no Brasil em meados do
século XIX), que mais tarde se transformaria em seu famoso livro Casa-Grande
& Senzala, publicado em 1932, tendo um impacto tão grande quanto Os Sertões
de Euclides da Cunha. Nesta obra, Freire imprime sua visão poderosa e original
dos fundamentos da sociedade brasileira, descreve com objetividade a
contribuição do negro e o fenômeno da miscigenação na formação social do
Brasil.
1.2-Caio Prado Júnior
Procurava formalizar o método marxista para análise da
realidade brasileira.
Caio Prado vinha de uma das famílias mais ricas e
conceituadas do Brasil naquela época.
Em Evolução política do Brasil (1933) interpretava a
situação político-colonial brasileira a parti das relações internacionais
capitalistas e seu mecanismo comercial, desde a expansão marítima européia.
Depois de uma viagem a União Soviética, em 1938 ele publica:
URSS: um novo mundo, desde então se torna militante de esquerda, assumindo a
presidência da Aliança Nacional Libertadora em São Paulo, motivo este de sua
prisão e exilo (1935-1939). Ao voltar para o Brasil publicou mais duas obras de
grande repercussão nacional: Formação do Brasil Contemporâneo (1942) e Historia
econômica do Brasil (1945).
1.3-Plínio Salgado
Destaca-se pelo seu integralismo, como um movimento
nacionalista, anticomunista, antiliberal e anti-semita. Via com desconfiança
não só o movimento modernizador da sociedade, mas como também o liberalismo e o
marxismo.
Depois de uma viagem a Itália em 1930 onde conheceu
Mussolini, voltou decidido a fundar um movimento fascista no Brasil. Já em 1932
publica o Manifesto de outubro e participa da fundação da Ação Integralista
Brasileira (AIB) que seria o meio de compatibilizar os aspectos dicotômicos da
sociedade brasileira, que segundo ele era estreitamente dualista.
1.4-Fernando de Azevedo
Mineiro de São Gonçalo de Sapucaí, em São Paulo participa da
fundação da Universidade de São Paulo, que na Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras ocupou a cadeira de Sociologia e foi diretor da mesma.
Antes na década de 20 foi responsável pela reforma do ensino
no país a parti de experiências feitas no Rio de Janeiro e no Ceará.
Ao mesmo tempo aristocrata e humanista, unia os anseios
liberais e moderadamente socialistas. Em sua principal obra A cultura
brasileira retoma a tese de uma unidade nacional baseada em diferenças
regionais, culturais e éticas.
1.5-Sérgio Buarque de Hollanda
Inspirando-se na tese de Ribeiro Couto, que identificava o
brasileiro como “homem cordial”, Sérgio teve um pesquisa de primeira mão, com
intuito de negligenciar a interpretação dos fatos. Foi nessa documentação que
ele se baseou para editar em 1936 uma de suas principais obras; Raízes do
Brasil, a qual o tornou autoridade internacionalmente reconhecida sobre
assuntos do Brasil colônia.
Foi um dos pioneiros a utilizar na análise histórica
brasileira o método tipológico de Marx Weber.
Sua obra Visão do paraíso (1959) ele consegue pela primeira
vez intervir na visão estereotipada que os europeus tinham do Brasil.
1.6-Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política e da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
Como já abordamos a sociologia como atividade autônoma
voltada para o conhecimento sistemático e metódico da sociedade, só vem
aparecer no Brasil na década de 30 com a fundação da Escola Livre de Sociologia
e política, que sofria forte influencia norte-americana, e da Universidade de
São Paulo, com a Faculdade de filosofia, Ciências e Letras que dedicada a
estudos orientados pela sociologia européia, em destaque a francesa.
Ambas tiveram lecionando em seus âmbitos acadêmicos,
professores vindos do exterior para a formação profissional de vários
cientistas sociais. Na USP estiveram no corpo docente a chamada “missão
francesa” Lévi-Strauss, Georges Gurvitch, Roger Bastide, Paul Arbousse-Bastide,
Fernand Braudel, entre outros. Já para Escola Livre de Sociologia e Política
vieram Donald Pierson e Radcliffe-Brown, trazendo toda metodologia sociológica
norte americana.
Foi de imensa importância a vinda desses intelectuais ao
Brasil, que gerou um grupo de sociólogos que passaram a desenvolver todo
conhecimento adquirido em pesquisas já no fim da década de 40, entre eles Maria
Isaura Pereira de Queiroz, Ruy Galvão de Andrada Coelho, Florestan Fernandes,
Antonio de Mello e Souza, Gilda de Mello e Souza, entre outros.
1.7-Década de 40
Esse foi um dos momentos mais críticos da historia da
humanidade, pois acontecia a Segunda Grande Guerra, que consolidou os EUA e a
URSS como duas potencias mundiais, tornando o mundo de certa forma bipolar.
Nessa época o Brasil adquiria uma consciência critica de sua
realidade, complexidade e sua particularidade buscavam-se um nacionalismo.
Integração e mudanças eram temas recorrentes na sociologia do pós-guerra.
Não só o Brasil, mas diversos países latino-americanos
receberam “cronistas viajantes”, assim descritos por Octavio Ianni, que nada
mais eram do que intelectuais estrangeiros, que fugindo da guerra na Europa,
procuravam estruturas sociais diferentes, sociedades que por sua diversidade,
poderiam realizar uma linha de raciocínio diferente daquela já conhecida.
Emílio Willems tem uma grande importância nessa época, com
sua obra Assimilação e populações marginais no Brasil; um estudo sociológico
sobre a contribuição dos imigrantes germânicos e seus descendentes na historia
brasileira. Mas este interesse não se resumiu somente Willems, havia também
muitos jovens sociólogos interessados em avaliar a mobilidade social de
diferentes grupos étnicos, negros, brancos, migrantes, imigrantes de diferentes
nacionalidades, alemães, libaneses, japoneses, italianos. Luis Aguiar Costa
Pinto faz um estudo entre as relações entre brancos e negros no Rio de Janeiro,
já Thales de Azevedo pesquisava a ascensão social de grupos negros em Salvador.
Willems também teve outra importância na sociologia
brasileira, junto com Romano Barreto fundaram a revista Sociologia, que exerceu
um papel importantíssimo na divulgação da Sociologia alemã, já que Willems
traduzia os artigos dos sociólogos alemães para a Revista, dedicando-se
especialmente a obra de seu professor, Richard Thurnwald.
2-SOCIOLOGIA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 50
A segunda guerra mundial trouxe profundas desestruturações
na sociologia mundial. Diversos intelectuais europeus migram para America
buscando novos ares para produzirem suas obras. Esses “cronistas viajantes”
efervesceram o cenário sociológico, pois acharam aqui um panorama totalmente
diferente da realidade onde eles viviam.
Esse período foi de grande importância para o
desenvolvimento das ciências da sociedade, pois temas sócio-econômicos eram explorados
por pensadores que tem repercussão ate hoje, são eles: Florestan Fernandes e
Celso Furtado.
2.1-Florestan Fernandes
Florestan Fernandes estudou na USP onde teve grande
influencia de Roger Bastide, o qual desenvolveu com parceria de Florestan um
estudo sobre negros e a questão racial no Brasil, que originou umas de suas
mais prestigiadas obras: A integração do negro na sociedade de classes.
Florestan pregava a “sociologia militante”, que visava unir
a teoria com a prática, logo teve uma grande influencia de Marx. Essa busca em
conciliar a teoria e a ação prática foi uma grande marca em sua vida.
Entendia ele que a sociedade devia ser estudada por
fundamentos de sua organização e suas ocorrências históricas, os dilemas assim
por ressaltado. Esse era motivo de sua concepção de analise, que por muitos foi
definida como “histórico-cultural”. Na visão florestaniana a sociedade
brasileira, por ter uma formação histórica peculiar exigisse uma abordagem com
traços nítidos e definidos no estudo das relações sociais.
Desenvolveu diversas obras dentre elas podemos destacar: A
integração do negro na sociedade de classes; A revolução burguesa no Brasil; Fundamentos
empíricos da explicação sociológica; e A sociologia numa era de revolução
social.
2.2-Celso Furtado
Um dos grandes nomes do pensamento econômico, não só do
Brasil, mas como em toda a America Latina, sem duvida foi Celso Furtado.
Desenvolveu diversos trabalhos na área econômica,
principalmente em parceria com a CEPAL (Comissão Econômica para a America
Latina), criando assim a escola “cepaliana”. E considerado o pai da economia
política brasileira.
Antes de Furtado, o pensamento econômico brasileiro era
formado por esquemas interpretativos, como o estabelecimento dos preços e a lei
da oferta e procura, as quais defendiam o interesse das classes dominantes.
Porem Furtado vem desmistificar toda essa ideologia,
propondo uma interpretação histórica da realidade econômica. Defendia que o
subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica, mais sim de formação
econômica influenciada com o capitalismo internacional.
Analisava situações de países onde havia um notável
desenvolvimento industrial e o estágio agrário não tina sido superado, como o
caso da maioria dos países latino-americano.
Durante o governo de Goulart, Celso Furtado exerceu celebre
trabalho como diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento (atual BNDES) e da
SUDENE, este no governo JK. Nessa época Furtado era visto como o principal
defensor dos interesses do Brasil perante ao capitalismo internacional.
Suas principais obras são: Desenvolvimento e
subdesenvolvimento, livro que se amplia em volume posterior, Teoria e Política
do Desenvolvimento Econômico; Um projeto para o Brasil; A pré-revolução
brasileira; O Mito do Desenvolvimento Econômico, que ele levanta duas questões
a primeira delas diz respeito aos impactos do processo econômico no meio
físico, na natureza – um tema completamente alheio ao núcleo do pensamento
tradicional na economia- e a segunda se refere à constatação do caráter de mito
moderno do desenvolvimento econômico. Porem seu clássico e Formação Econômica
do Brasil, obra esta que faz um estudo amplo e inédito da realidade histórica
econômica do Brasil, do tempo da colonização portuguesa aos dias atuais, e
claros em relação à época em que ela foi escrita.
3-DITADIRA MILITAR
Na década de 60 a sociologia se preocupou com o processo de
industrialização do país, nas questões de reforma agrária e movimentos sociais
na cidade e no campo e a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou
para os problemas sócio políticos e econômicos originados pela tensão de se
viver em um pais cujo a forma de poder é o regime militar.
Surgiu nessa época também a Teoria da libertação, onde, onde
a igreja passou a radicalizar com seus pensamentos. Nessa época, no Brasil, em
que os militantes católicos se aproximaram dos movimentos no campo, surge a
Comissão Pastoral da Terra, entidade que está na origem do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Essa mudança delinear-se já na metade da
década de 1950, configurando-se plenamente de 1960 em diante.
A segunda questão diz respeito à derrogação do estatuto da
estabilidade, que até o ano de 1966 regeu a relação social de contrato de
compra e venda da força de trabalho e foi substituído pela sistemática do fundo
de garantia por tempo de serviço. A consideração do caráter despótico do poder
imediato do capital sobre o trabalho levou a problematizar duas tomadas de
posições na produção de conhecimento existente, particularmente na área de
Sociologia Industrial e do Trabalho. A primeira é a consideração de relações de
trabalho de dominação/subordinação de cunho patrimonialista na indústria
brasileira. A segunda é sobre o caráter integração/ ajustamento/adaptação do
trabalhador na empresa industrial presente naquela consideração.
Na década de 60, os estudos sobre a formação do moderno
operariado fabril no Brasil e América Latina, centravam-se em alguns binômios
representativos: industrialização/urbanização, moderno/tradicional, migração
rural/urbana; mobilidade social/acesso aos bens materiais e simbólicos da sociedade
moderna, o meio urbano-industrial/baixa organização sindical dos trabalhadores.
A classe operária foi revisitada, perdendo determinações e
teleologias, recuperando-se experiências, cultura e cotidianidade que permitem
discuti-la em sua multiplicidade, fora dos limites de sua representatividade
externo-organizativa e também do chamado “chão de fábrica”, das tecnologias,
dos processos. As relações sociais no mundo do trabalho passam a ser analisadas
imbricadas com o mundo da vida onde fatores como família e redes de
sociabilidade informais, demonstram possuir um peso antes desconsiderado.
A classe com o sujeito se multiface ta nos indivíduos que a
compõem: homens, mulheres, crianças, jovens, velhos, com seus projetos e
perspectivas. A análise dessas práticas permite compreender os sentidos
atribuídos pelos trabalhadores às suas condições de existência e à construção
de identidades sociais.
Azevedo (1951), enfocando esta fase de introdução do ensino
da Sociologia em escolas do País (1928-1935), argumenta que a origem da
consolidação da Sociologia na mesma deve ser procurada, não em uma única causa
determinante, senão em múltiplas causas que estão estreitamente ligadas, sendo
possível distingui-las unicamente para fins analíticos. A multiplicidade de fatores
decorrentes dos contatos, conflitos e acomodações de povos e culturas diversas;
o contraste entre as sociedades em mudança e as culturas de folk remanescentes
em toda a vasta extensão territorial; a variedade de paisagens culturais e a
contemporaneidade ou justaposição nas realidades concretas, de séculos ou de
“camadas históricas”, deveriam certamente sacudir a atenção e despertar o
interesse pelo estudo científico dessas realidades sociais vivas e atuais.
3.1-O período da Sociologia Científica
O início do período da Sociologia Contemporânea corresponde
à fase de emergência da Sociologia Científica, que buscava, sob a égide do
paradigma estrutural-funcionalista, a consecução de um padrão de
institucionalização e prática do ensino e da pesquisa em sociologia, similar ao
dos centros sociológicos dos países centrais. A concepção de desenvolvimento
desta abordagem teve sua expressão na Teoria da Modernização e em sua análise
do processo de transição da sociedade tradicional para a sociedade moderna. Os anos
50 foram marcados também pelo surgimento da proposta de uma “Sociologia
Autêntica”, nacionalista, que buscava contribuir para o processo de libertação
nacional e que tem na obra de Guerreiro Ramos (1957 e 1965) sua referência
principal. Teoricamente, a controvérsia entre Guerreiro Ramos e Florestan
Fernandes dominou a cena da comunidade sociológica brasileira durante esse
período, tendo por fulcro central a questão da particularidade e/ou
universalidade do conhecimento social produzindo no Brasil A Teoria da
Modernização concebe o processo de desenvolvimento como uma transição de uma
sociedade rural tradicional para uma sociedade industrial moderna (Germani,
1969).
A “Sociologia Científica” caracterizada pela “adoção dos
princípios básicos do conhecimento científico em geral, embora tenha suas
próprias especificidades”, assim como pelo “desenvolvimento de procedimentos de
pesquisa extremamente refinados e muito mais poderosos do que os previamente
utilizados”. As conseqüências disso são uma “tecnificação crescente da
Sociologia, dada à estandardização dos procedimentos de pesquisa, o uso
generalizado de instrumentos selecionados de pesquisa, a ‘rotinização
ecoletivização das atividades, a necessidade crescente de recursos financeiros,
espaços físicos e equipamentos, e de pessoal técnico e administrativo”
(Germani, 1964).
- O Período de crise e diversificação da Sociologia
Brasileira, em fins dos anos 50 e início dos anos 60, foi resultado de uma
crítica marxista e implicou uma crescente diferenciação paradigmática que foi
potencializada, já no decorrer do período de crise e diversificação da
Sociologia brasileira, pelos eventos político-culturais dos períodos 1964/1968
e 1969/1974. Essa crítica marxista teve nos países latino-americanos, os quais,
ao não serem apreendidos, levaram a uma série de desastres político-militares
como, no Brasil, a derrota da guerrilha urbana e a morte dos líderes
guerrilheiros Marighella e Lamarca, e a derrota da guerrilha do Araguaia; O
impacto negativo da instauração do regime autoritário sobre a evolução
sociológica brasileira está relacionado diretamente com o golpe de 64 e com o
“golpe dentro do golpe” de 1968 que tem no AI-5 seu marco principal. O
fechamento do ISEB, em 1964, os IPM e as cassações pareciam indicar que as ciências
sociais brasileiras estavam entrando em um período recessivo. Porém houve uma
expansão, que teve seu centro de gravitação nos cursos de pós-graduação que
foram criados e consolidados como centros de ensino e pesquisa, particularmente
após a Reforma Universitária de1969, e teve por contraponto a criação e as
atividades de centros privados de pesquisa tais como o CEBRAP, o CEDEC, e o
IDESP (Sorj e Mitre, 1985).
Sorj e Mitre indicam que: Nos primeiros anos do regime
militar, no período que se estende entre 1964 e 1969, os prognósticos
pessimistas pareciam confirmar-se. As cassações de professores universitários
logo depois do golpe, e posteriormente, com impacto ainda maior, aquelas que se
seguiram ao AI-5, levou a pensar que as ciências sociais entrariam em recesso
no Brasil. Neste mesmo período ‚ foi aplicada a reforma universitária, que com
assessoria americana encontra a vontade da comunidade acadêmica. Embora
importantes ambos os fenômenos não chegaram a abalar fundamentalmente o futuro
desenvolvimento das ciências sociais ainda que certos centros universitários
como a USP e UFRJ possam ter sofrido individualmente um impacto maior. Isto, em
primeiro lugar, porque um número importante de cientistas sociais cassados
permaneceu no país, inclusive auto-organizados em centros como o CEBRAP, e em
segundo lugar, nenhuma instituição chegou a ser fechada ou mesmo esvaziada,
permanecendo nos seus
A Reforma Universitária de 1969, introduzindo o sistema de
parta mental e as novas regras e requerimentos para a carreira universitária
(incluída a formação em nível de pós-graduação), assim como o novo formato dos
programas de pós-graduação e das atividades de pós-graduação.
Principais Autores:
3.2-Goffman
Os trabalhos de Goffman começam a ser mais conhecidos no Brasil
em meados dos anos 60. As ciências sociais no país tinham, na época, como
referências principais o marxismo e o estruturalismo, com suas diferentes
versões e facções. O nacionalismo antiimperialista e o próprio regime militar,
com as radicalizações a ele associadas, não constituíam, propriamente, um
estímulo à divulgação de autores norte-americanos, principalmente quando não
ligados de modo nítido a uma preocupação de análise mais ampla de processos
socio-históricos. Mas nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, e mesmo no
período imediato que o precedeu, houve uma forte tendência de rejeição à
produção norte-americana, classificada de empirista e pouco sofisticada.
No entanto, já mais perto do final da década de 60, o
crescente interesse por uma análise e política do cotidiano permite uma
abertura maior em relação a estudos classificados, às vezes de forma um tanto
pejorativa, como “micro”.
É dentro desse quadro que, sobretudo, antropólogos e
profissionais da área passam a se interessar por Goffman. Embora com certo
atraso, começam a ser publicados alguns de seus textos. A Representação do Eu
na Vida Cotidiana (1959, 1975), Manicômios, Prisões e Conventos (1961, 1974) e
Estigma (1963, 1975) são lançados por editoras diferentes com boa
receptividade. A Representação do Eu e Estigma foram publicados em coleções
dirigidas por antropólogos, Roberto Da Matta e Castro Faria.
3.3-Luiz Pereira
Nascido em 1933 e falecido em 1985, o autor teve formação
acadêmica, desde a graduação até o Doutorado, na Universidade de São Paulo. ()
No período entre 1955 e 1958, concluiu o Bacharelado e a Licenciatura em
Pedagogia. Os títulos de Mestre em Sociologia e Doutor em Ciências Sociais
foram obtidos no início da década de 60, ambos sob a orientação de Florestan
Fernandes.
A obra de Luiz Pereira pode ser organizada a partir de sua
recorrência a três temas:
Dimensão educacional dos processos sociais.
Processo de desenvolvimento.
Diversas faces do modo de produção capitalista no Brasil.
O primeiro tema corresponde ao momento inicial de sua
produção acadêmica, compreendendo o período entre 1960 e 1967. São dessa época
os seus primeiros estudos em Sociologia da Educação como matéria de estudos
acadêmicos e objeto de investigação.
O processo de desenvolvimento social como objeto de suas
investigações sociológicas correspondeu ao segundo período de sua obra,
iniciado no final dos anos 60.
4-REDEMOCRATIZAÇÃO
Com a abertura política nos anos 80 o país busca retomar sua
identidade social. Durante o regime militar, muitos intelectuais foram
aposentados e impedidos de lecionar outros foram exilados ou se exilaram por
espontânea vontade, passando a publicar suas obras no exterior.
Tendo o fim do bipartidarismo, agora sendo pluripartidal, um
grande número de celebres pensadores decidem deixar a cátedra para ingressar na
política.
Darcy Ribeiro, por exemplo; filia-se ao PTB (Partido
Democrático Trabalhista), este de Getulio Vargas que reivindicava o
nacionalismo e o populismo. Outros nomes da sociologia ajudaram a fundar o PSDB
(Partido da Social-Democrata Brasileiro) como Fernando Henrique Cardoso, este
assumindo a Presidência da Republica em 1994 sendo o primeiro sociólogo na
historia assumir tal cargo, falaremos dele mais a frente.
Entretanto o partido que mais se beneficiou com essa nova
atuação dos cientistas sociais foi o PT (Partido dos Trabalhadores). Nomes como
Florestan Fernandes, Antonio Candido e Mello e Souza e Francisco Weffort foram
alguns que engajaram na luta política do PT.
Esse engrossamento de intelectuais foi de imensa importância
para o período histórico que o país vivia, tratava-se de uma integração das
teorias sociais e praticas políticas, e o resultado dessa parceria viria em
1988 quando foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a sétima em vigor
porem a única com o emblema de “cidadã”, como dos descrita por Ulysses
Guimarães.
Percebe-se também nessa época uma grande diversificação das
ciências sociais em nosso país, e de se ressaltar que o Brasil sempre foi um
campo fértil para ciências sociais, devido a toda sua historia, mas no período
em que referimos à multiplicidade dos campos de estudo, em especial na
sociologia. Surgem diversos estudos e análises sobre a questão feminina, do
menor, das favelas, das artes, da violência urbana e rural, entre outras.
A sociologia se torna cada vez mais interdisciplinar e
plural no Brasil. Os sociólogos buscam redefinir seus conceitos de
interdependência em um mundo cada vez mais globalizado.
Não poderíamos deixa de falar com minuciosidade de Fernando
Henrique Cardoso. Nasceu no Rio de Janeiro RJ em 18-IV-1931, já em 1949 começou
a estudar sociologia na USP onde lecionaria quatro anos mais tarde. Com o golpe
de 64 se exilou no Chile e argentina. Trabalhou como professor em diversas
instituições pelo mundo como a Universidade de Nantere e a Faculdade de
Ciências Socias de Santiago, no Chile. Foi também nomeado diretor-adjunto do
Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica Social.
Em seus estudos sociológicos, pesquisou a evolução social da
America Latina e analisou a dependência dos países subdesenvolvidos no sistema
internacional de produção e comercio, este pensamento e descrito com clareza em
suas obras: Dependência e Desenvolvimento na America Latina (1964) esta escrita
em parceria de Enzo Faleto, e Política e Desenvolvimento em Sociedades
Dependentes: ideologias do empresariado industrial argentino e brasileiro.
Nesta fase FHC, como e conhecido por seu acrônimo, se destina a sociologia do
desenvolvimento, porém ele também aprofundou se pela sociologia politica, pois
teve um grande destaque na politica nacional, como ja foi citado, sendo
senador-suplente de Franco Montoro em 78 e assumindoa cadeira quando Montoro
assumio o governo de São Paulo, elegendo do se novamente ao senado, agora pelo
PSDB, partido esse que ajudou a fundar e que é Presidente de Honra. Em 1994 foi
eleito Presidente de Republica reelegendo-se em 98.
5-SOCIOLOGIA NOS DIAS ATUAIS
Nos dias atuais a sociologia busca cada vez mais sua posição
perante asa ciências sociais, buscando novos rumos e uma metodologia que se
encaixe nos novos temas que aparecem na mudança de século.
Um marco que se acontece e a firmação da sociologia na grade
curricular em escolas do ensino médio, uma grande conquista, pois há pouco
tempo sociólogos eram perseguidos pela ditadura militar, também e um grande
salto se levarmos em conta que a sociedade brasileira esta “engatinhando” em
busca de uma real democracia.
E de se destacar a obra de José Pastore e Nelson do Valle
Silva; Mobilidade Social no Brasil. Nesta obra os autores vêm trazer os
resultados da mobilidade social no Brasil, fazendo uma comparação entre dados
adquiridos nas décadas de 1970 e final dos anos 90. Este trabalho apresenta
ascendência de uma nova classe media que vem se formando nas bases, no Brasil é
um país onde muitos sobem pouco, e poucos sobem muito, o que gera um inchaço na
base da pirâmide social.
Nesta mesma obra, o prefacio fica a parte de Fernando
Henrique Cardoso, que diz:
“[...] a sociedade brasileira e dotada de imensa mobilidade
social. Essa mobilidade se deixa captar por vários índices e alguns deles
merecem especial menção: entre 1973 e 1996, por exemplo, os dados mostram que a
maioria dos brasileiros melhorou de vida, ou seja, teve uma mobilidade
ascendente; nesse período o extrato social de renda superior cresceu 40%,
passando de 3,5% para 4,9% do total. Ao mesmo tempo, houve um estreitamento da
base da pirâmide social graças à redução em cerca de 25% das camadas pobres de
32% para 24%.[...] A nova classe media talvez seja apenas o aspecto mais
visível de um processo que, movido por forças profundas como a reordenação dos
espaços econômicos, o deslocamento de populações, e as mudanças nas estruturas
produtivas com peso crescente do setor de serviços, vem revolucionando nosso
entorno social.”
Em outras palavras, a mobilidade social no Brasil começa a
ser determinada por elementos de competição no mercado de trabalho, o que é
comum nos países mais desenvolvidos, onde o papel da educação e essencial no
contexto mobi-social.
Ayrton Fausto representa atualmente e um grande nome da
sociologia nacional, e diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências
Sociais (FLACSO) uma das maiores organizações que visa à construção de
sociedades mais justas, através da democratização, pela crescente participação
da sociedade, da política, da economia e da cultura. A FLACSO no Brasil teve
sua criação em 1981, como projeto, tornando-se Sede Acadêmica em 1989. Ayrton
Fausto abrange em seus estudos sociais a mesma finalidade da FLACSO a
construção de sociedades mais justas, como o contexto internacional,
globalização, integração supranacional e democracia, o panorama da economia e
da política internacionais neste fim de século, o desemprego; a crise fiscal e
do estado de bem-estar social; as migrações em massa por razões econômicas e/ou
de perseguição política; o aumento da criminalidade e da corrupção e outros
temas polêmicos da nossa sociedade.
A sociologia do século XXI torna-se cada vez mais
interdisciplinar e plural, se diversifica cada vez mais, pois a uma grande
multiplicação nos objetos de estudos.
6-CONCLUSÃO
A sociologia e uma ciência muito complexa, e para a
realidade brasileira ela tem uma particularidade. Mesmo vindo a aparecer como
método sistemático cientifico no Brasil somente na década de 30, o pensamento
sociológico sempre existiu, tanto nas idéias abolicionistas como nas
republicanas, o losango em nossa bandeira e símbolo do positivismo europeu
trazido por estes idealizadores no final do século XIX.
O estudo da particularidade da sociedade brasileira sempre
foi meta de estudo dos sociólogos, pois o Brasil e um caso a parte a ser
estudado pela sociologia, e este trabalho tem o intuito dessa realidade vivida.
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da
sociedade. 3ª Ed- São Paulo: Moderna, 2007.
FERREIRA, Nelson. Manual de sociologia: dos clássicos à
sociedade da informação. 2ª Ed- São Paulo: Atlas, 2003.
PASTORE, José; do VALLE SILVA, Nelson. Mobilidade social no
Brasil. 1ª Ed- São Paulo: Makron Books, 2000.
TOMAZI, Nelson Dacio (coord.). Iniciação à sociologia. 2ª
Ed- São Paulo: Atual, 2000.
VITA, Álvaro de. Sociologia da sociedade brasileira. 5ª Ed-
São Paulo: Ática 1996.
mais
Nenhum comentário:
Postar um comentário