O mandato da apologética
Apologética cristã é a disciplina teológica que estuda a defesa
da fé e o ataque às vãs filosofias mundanas. O termo apologética é uma derivação da palavra grega apologia,
que significa “discurso de volta”, “resposta”. O estudo apologético é
fundamental para a vida cristã, pois prepara o crente para evangelizar e
demonstrar o poder do evangelho.
A apologética é um dever
cristão. O apóstolo Pedro escreveu: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em
seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que
lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1Pe 3.15). A ordem é clara:
todo cristão precisa estar preparado para explicar as razões de sua fé. Esse texto
afasta a idéia de que a apologética é um assunto apenas para os doutos. Pelo
contrário, a Escritura afirma que todo cristão deve estar preparado para
oferecer respostas sensatas aos questionadores da fé. Perceba, portanto, que
todos os crentes são convocados para batalhar pela fé. Judas escreveu: “[...]
senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de
uma vez por todas confiada aos santos” (Jd 3).
É
evidente que nem todos os crentes possuem grande envergadura intelectual, contudo,
todos devem defender a fé nos limites de sua capacidade e crer na ação do
Espírito Santo. Os primeiros discípulos de Jesus eram pessoas muito simples, no
entanto, o Espírito os capacitou a testemunharem o evangelho
com
poder e autoridade: “Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram
homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que haviam
estado com Jesus” (At 4.13). Dessa forma, podemos afirmar que o mais importante
na apologética é possuir um relacionamento real com Jesus Cristo. Por isso,
voltamos ao texto de Pedro: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu
coração” (1Pe 3.15).
Cristo é
o fundamento da apologética: “Nele estão escondidos todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento. Eu lhes digo isso para que ninguém os engane com
argumentos que só parecem convincentes” (Cl 2.3-4); “Tenham cuidado para que
ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas
tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo” (Cl
2.8); “Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente
a Cristo” (2Co 10.5).
A importância
da apologética
O renomado apologeta William Lane Craig, afirma que a apologética
é importante por três razões básicas[1]:
Primeiro, a apologética fortalece os crentes.
Segundo, ela evangeliza os incrédulos,
pois quebra preconceitos e barreiras intelectuais contra o evangelho. E, em
terceiro, a apologética molda a cultura. Os
pensadores cristãos, através da apologética, podem influenciar as
universidades, as pesquisas científicas e a cultura como um todo.
Os limites da apologética
Embora a
apologética seja muito importante, sobretudo na evangelização, ela não pode
gerar fé. A apologética, por si só, não é suficiente para levar alguém a crer
em Cristo, pois somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado (Jo
16.8).
Há
muitos críticos da fé cristã que se calam diante de poderosos argumentos
apologéticos, mas ainda assim não se rendem a Cristo. Isso acontece porque, na
maioria das vezes, os críticos não creem em Cristo por razões morais e não por
razões intelectuais. Ou seja, muitos oponentes do evangelho se escondem atrás
de críticas infundadas ao cristianismo, mas, na verdade, simplesmente não
querem abandonar o pecado e mudar de vida. O real problema deles é moral.
Portanto,
a apologética é essencial, mas sempre dependente da ação do Espírito de Deus.
Paulo escreveu: “Uma vez que conhecemos o temor ao Senhor, procuramos persuadir
os homens” (2Co 5.11), mas também alertou: “Eu mesmo, irmãos, quando estive
entre vocês, não fui com discurso eloquente, nem com muita sabedoria para lhes
proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser
Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor
que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram em demonstração do poder do
Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas
no poder de Deus” (1Co 2.1-5).
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[1] CRAIG, William Lane. Reasonable
faith – Christian truth and apologetics. Third edition.
Illinois: Crossway Books, 2008, p.15-25.
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