Por:Adriano Ribeiro dos Santos
Resumo do capítulo 7 do livro
“A Interpretação Bíblica” de Roy B. Zuck com o título “As figuras
de linguagem”[1].
O
que é uma figura de linguagem?
Uma
figura é meramente uma palavra ou frase colocada de forma diferente de seu
emprego ou sentido original e simples.
Por
que se utilizam figuras de linguagem?
As
figuras de linguagem acrescentam cor e vida.
As
figuras de linguagem chamam a atenção.
As
figuras de linguagem tornam os conceitos abstratos ou intelectuais mais
concretos.
As
figuras de linguagem ficam mais bem registradas na memória.
As
figuras de linguagem sintetizam uma idéia.
As
figuras de linguagem estimulam a reflexão.
Como
saber se uma expressão apresenta sentido figurado ou literal?
A palavra está em sentido
figurado quando destoa do assunto ou quando difere dos fatos, da experiência
ou da oservação.
Regras para identificar figuras de linguagem:
1. Adote sempre o sentido literal de uma passagem, a menos
que haja boas razões para não fazê-lo (Ap 7.9).
2. O sentido é o figurado se o literal implicar uma
impossibilidade (Jr 1.18).
3. O sentido é o figurado se o literal for absurdo (Is
55.2).
4. Adote sentido figurado se o literal sugerir imoralidade
(Jo 6.53-58).
5. Repare se uma expressão figurada vem acompanhada de uma
explicação literal (1 Ts 4.13-16).
6. Às vezes uma figura é ressaltada por um adjetivo
qualificativo (Mt 6.14; Jo 6.32).
A
linguagem figurada é o oposto da interpretação literal?
Não, apenas pode-se narrar um fato literal no sentido
normal ou no estilo figurado.
Figuras de linguagem que encerram comparação
|
|
Exemplo Bíblico
|
Símile
|
É
uma comparação em que uma coisa lembra outra explicitamente (assim como,
tal qual, tal como, como).
|
“...toda
carne é como a erva...” (1 Pe 1.24).
|
Metáfora
|
É
uma comparação em que um elemento é, imita ou representa outro (sendo que
os dois são essencialmente diferentes). Os verbos “ser” e “estar” sempre
são empregados.
|
“Toda
a carne é erva” (Is 40.6).
|
Hipocatástase
|
Faz
uma comparação em que a semelhança é indicada diretamente.
|
“...Apascenta
as minhas ovelhas” (Jo 21.17).
|
Figuras de linguagem que encerram substituição
|
|
Exemplo Bíblico
|
Metonímia
|
Substituir
uma palavra por outra.
|
Causa
em lugar do efeito: “...Vinde, firamo-lo com a língua...” (Jr 18.18).
O
efeito em lugar da causa: “Eu te amo, ó Senhor, força minha” (Sl 18.1).
O
objeto é empregado em lugar de outro semelhante: “Não podeis beber o cálice
do Senhor...” (1 Co 10.21).
|
Sinédoque
|
É a
substituição da parte pelo todo ou do todo pela parte.
|
“...os
seus pés correm para o mal...” (Pv 1.16).
|
Merisma
|
É
um tipo de sinédoque em que a totalidade ou o todo é
substituído por duas partes contrastantes ou opostas.
|
“Sabes
quando me assento e quando me levanto...” (Sl 139.2).
|
Hendíade
|
É a
substituição de um conceito por dois termos coordenados (ligados por “e”)
em que um dos elementos define o outro.
|
Quando
os apóstolos falaram deste “ministério e apostolado”, estavam referindo-se
a este “ministério apostólico” (At 1.25).
|
Personificação
|
Atribuição
de características ou ações humanas a objetos inanimados, a conceitos ou
animais.
|
“O
deserto e a terra se alegrarão...” (Is 35.1).
|
Antropomorfismo
|
Atribuição
de qualidades ou ações humanas a Deus.
|
“Quando
contemplo os teus céus, obra dos teus dedos...” (Sl 8.3)
|
Antropopatia
|
Atribui
emoções humanas a Deus.
|
“...Tenho
grandes zelos de Sião” (Zc 8.2).
|
Zoomorfismo
|
Atribui
características de animais a Deus.
|
[Deus]
Cobrir-te-á com suas penas, sob suas asas estará seguro...” (Sl 91.4).
|
Apóstrofe
|
Referência
direta a um objeto como se fosse uma pessoa, ou a uma pessoa ausente ou
imaginária como se estivesse presente.
|
“Que
tens, ó mar, que assim foges?...” (Sl 114.5).
|
Eufemismo
|
Substituição
de uma expressão desagradável ou injuriosa por outra inócua ou suave.
|
“...os que ficarmos até à
vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.” (1Ts 4.15)
|
Figuras de linguagem que encerram omissão ou
supressão
|
|
Exemplo Bíblico
|
Elipse
|
Omissão
de uma palavra ou palavras cuja falta deixa incompleta a estrutura
gramatical.
|
“Os
doze” representa “os doze apóstolos” (1 Co 15.5).
|
Zeugma
|
Associação
de dois substantivos a um mesmo verbo, quando pela lógica o verbo só pede
um substantivo.
|
“Sua
boca se abriu e sua língua” (Tradução literal de Lucas 1.64).
|
Reticência
|
Interrupção
repentina do discurso, como se o orador não tivesse podido terminá-lo.
|
“Por
esta razão, eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo por amor de vós, os
gentios...Certamente sabeis da dispensação da graça... (Ef 3.1, 2).
|
Pergunta
retórica
|
Não
exige resposta; seu objetivo é forçar o leitor a respondê-la mentalmente e
avaliar suas implicações.
|
“Acaso
para Deus há cousa demasiadamente difícil?... (Gn 18.14).
|
Figuras de linguagem que encerram exageros ou
atenuações
|
|
Exemplo Bíblico
|
Hipérbole
|
Afirmação
exagerada em que se diz mais do que o significado literal com o objetivo de
ênfase.
|
“...as
cidades são grandes e fortificadas até aos céus...” (Dt 1.28).
|
Litotes
|
Frase
suavizada ou negativa para expressar uma afirmação. É o oposto da
hipérbole.
|
“...Eu
sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante...” (At 21.39).
|
Ironia
|
É
uma forma de ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio.
|
“porque,
sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos” (2 Co 11.19).
Essas palavras eram ridicularização e crítica.
|
Pleonasmo
|
Repetição
de palavras ou acréscimo de palavras semelhantes, que em nossa língua
parecem redundantes.
|
“Com
o ouvir dos meu ouvidos ouvi” (Jó 42.5, ARC).
|
Figuras de linguagem que encerram incoerências
|
|
Exemplo Bíblico
|
Oxímoro
|
Combinação
de termos opostos ou contraditórios.
|
“dores
de parto da morte (grego literal de At 2.24).
“Sacrifícios
vivos”. (Rm 12.1).
|
Paradoxo
|
Afirmação
aparentemente absurda ou contraditória ao bom senso. Não é uma contradição;
é algo que parece ser o oposto do que em geral se sabe.
|
“...quem
perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Mc 8.35).
|
Figuras de linguagem que encerram sonoridade
|
|
Exemplo Bíblico
|
Paronomásia
|
Emprego
das mesmas palavras ou de palavras de sons semelhantes para produzir
sentidos diferentes.
|
“...Segue-me,
e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Mt 8.22).
|
Onomatopéia
|
Palavra
cuja pronúncia imita o som da coisa significada.
|
O
verbo lançar em Jó 9.26 é û no hebraico, cuja pronuncia é como o som da
águia (ou do falcão peregrino) quando se lança sobre a presa a uma
velocidade elevadíssima.
|
Como
devemos interpretar as figuras de linguagem?
Descobrir
se existe alguma figura de linguagem.
Descobrir
a imagem e o objeto na figura de linguagem.
Especificar
o elemento de comparação.
Não
presumir que a figura sempre signifique a mesma coisa.
Sujeitar
as figuras a limites ou controles legítimos por meio dos princípios da lógica
e da comunicação.
Em
que uma expressão idiomática se diferencia de uma figura de linguagem?
Expressão idiomática é “um encadeamento de palavras cujo
sentido difere do significado que cada uma delas tem isoladamente”. Uma
expressão idiomática em nosso país pode ter o significado completamente
diferente em outra cultura. Ex: “Ele tem coração duro”. No Brasil significa
uma pessoa indiferente, mas no dialeto shipibo do Peru significa que uma
pessoa é valente.
CONTEÚDO DO LIVRO ABAIXO
[1] ZUCK,
Roy B.. A Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994. págs. 167-196.
FONTE:
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário