MÉTODOS INTERPRETATIVOS
Walter C. Kaiser considera a década de
60 como uma época de reestruturação e reconsideração das teorias
interpretativas da bíblia. Ele se refere a essa período como causador de uma
grande revolução e que os efeitos dessa revolução podem ser ilustrados em
quatro modelos para uso da bíblia. Os quais são:
MÉTODO TEXTO-PROVA
A abordagem texto-prova para a
compreensão do significado da bíblia enfatiza o lado prático e pastoral da
vida. Tipicamente um significado bíblico é necessário para algum propósito
referente à vida real, e o intérprete então procura alguns textos
escriturísticos que apoiem o tema atual ou posição pastoral desejada. Os textos
escriturísticos são valorizados mais por seu uso curto, epigramático de
diversas palavras-chave coincidentes com o tópico ouassunto contemporâneo escolhido do que pela evidência que na realidade trazem de
seu próprio contexto.
O modelo texto-prova frequentemente se
apoia em leituras simples do texto. Pode desprezar o propósito pela qual o
texto foi escrito, o condicionamento histórico em que é colocado, e as
convenções de gênero que lhe dão forma. Consequentemente, este método é
vulnerável à alegorização, psicologização, espiritualização, e outras formas de
ajustes rápidos e fáceis das palavras escriturísticas para dizer aquilo que se
deseja que elas digam na cena contemporânea, ignorando o propósito pretendido e
uso conforme determinado pelo contexto, gramática e pano de fundo histórico.
MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO
Este método está mais preocupado
em identificar as fontes literárias e os contextos sociais que deram vida a
segmentos menores do texto do que em concentrar-se em quaisquer discussões
sobre quão normativos esses textos são para os leitores contemporâneos e para a
igreja. Com frequência, esse método tem evitado qualquer discussão da relação
do texto com a revelação divina, suafunção como cânon na igreja, ou seu uso no empreendimento
devocional-teológico-pastoral dos cristãos.
Neste método, a teoria do significado e
interpretação determina o que o texto quis dizer em um tempo, lugar e cultura
distantes. Esta é pretensamente uma questão de pesquisas desinteressada nos fatos
objetivos da gramática, história e metodologia críticas modernas. Esse modelo
enfatiza sua lealdade mais as teorias contemporâneas sobre a formação de textos
e as supostas fontes orientais e clássicas que estão por trás delas do que a
uma consideração daquilo que o texto, tanto em suas partes quanto em sua
totalidade, tinha a dizer.
MÉTODO DE RESPOSTA DO LEITOR
Em reação à frustrante apatia do método
histórico-crítico de determinação de significado, um terceiro método surgiu em
torno das contribuições de Gagamer e Ricoeur. Enquanto essa perspectiva
frequentemente vê o método histórico-crítico como um passo necessário e
legítimo para discernir o que um texto significava, ele enfatiza a necessidade de permitir ao leitor e ao intérprete determinar o que o texto significa
agora- em sua maior parte sentidos novos, diferentes e parcialmente
conflitantes. Infelizmente, este método reagiu de tal forma aos abusos do
método histórico-crítico que, assim como muitos pêndulos, também se inclinou
longe demais na outra direção. O que se perdeu na mistura foi a primazia da
intenção do autor e a maioria das possibilidades de testar a validade das
várias interpretações sugeridas.
MÉTODO SINTÁTICO-TEOLÓGICO
Velhos livros sobre hermenêutica
inclinaram-se a designar o honrado método dos intérpretes dos séculos 18 e 19
como sendo o método histórico-gramatical de exegese. Entretanto, de lá para cá
esse nome provou-se enganoso. Quando Karl A.G. Keil usou esse termo em 1788, a
expressão grammatico se aproximava daquilo que entendemos pelo termo literal, o
que ele expressava como sendo o significado simples, claro, direto ou habitual.
Ele não estava simplesmente referindo-se à gramática que era usada. Igualmente,
o contexto "histórico" em que o texto foi redigido era também muito
importante para essa perspectiva, visto que desejava chegar tão próximo quanto for possível dos tempos e contextos em que o autor original
estava falando.
A fim de enfatizar mais da inteireza da
obra literária e ressaltar que a exegese não teria completado seu trabalho quando o intérprete tivesse analisando todas as palavras e observando os
usos naturais e históricos das mesmas, classificamos este quarto modelo para a
interpretação da bíblia como sendo o modelo sintático-teológico. Este modelo
faz o tradicional estudo histórico gramatical do texto, seguindo por um estudo
de seu significado que demonstra sua relevância histórica- tanto com respeito
ao resto das Escrituras quanto com respeito à sua aplicação contemporânea.
Este modelo de compreensão do significado enfatiza a necessidade de se
apreender perícopes inteiras ou unidades completas de discussão como base para
interpretar um texto. As decisões interpretativas-chave giram em torno de como
a sintaxe de expressões, cláusulas e frases contribui para a formação dos
vários parágrafos que formam o bloco total do texto sobre aquele determinado
assunto ou unidade de pensamento. Em razão de a bíblia pretender ser a palavra
de Deus, a tarefa de localizar o significado não está terminada até que se
possa apreender o propósito, o escopo, ou razão ( a teologia, na verdade)pelo
qual esse texto foi escrito.
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