Argumentos para a
existência de Deus – Parte 2:
Argumento Teleológico
Na primeira
postagem dessa série, nós estudamos sobre o argumento cosmológico. Segundo este argumento, que é baseado no raciocínio lógico e
respaldado por dados científicos, o universo teve um início. Como tudo o que
teve um início, teve uma causa para esse início, constata-se que o universo
teve uma causa. E como essa causa não pode ser o próprio universo, conclui-se
que a causa deve ser um agente que está além de elementos compositores do
universo tais como: tempo, espaço, matéria e energia; sem início e com
propriedades de criação. A este agente necessário e poderoso, os teístas chamam
de Deus.
Nessa segunda
postagem, vamos estudar um pouco sobre o argumento teleológico. Teleologia vem
do grego “teleo”, que quer dizer “finalidade” e “logia”, que quer dizer
“estudo”. Em outras palavras, o argumento teleológico é o argumento que estuda
a finalidade. Mas que finalidade? Vamos entender.
Introdução
O filósofo e
teólogo William Paley (1743-1805) explica o argumento através da chamada
“Analogia do Relojoeiro”. Nesta analogia, Paley argumenta que se alguém
encontra um relógio no chão, jamais acreditará que ele se formou por meio de
forças casuais da natureza. Em vez disso, concluirá que o relógio foi
projetado, pois todo seu mecanismo é complexo, ordenado e apresenta uma
finalidade.
Se o relógio é um
projeto, isso significa que houve um projetista por trás desse projeto. Uma
mente responsável pela ordem do mecanismo, pela finalidade do projeto e pelo
seu funcionamento. Da mesma forma, ao observar o universo e a vida é racional
concluir que há um projetista para ambos.
Embora o argumento
possa parecer poético à primeira vista, é incrivelmente irracional sustentar
que a complexidade e a ordem existente foram alcançadas através de um conjunto
imensurável de casualidades sem objetivos. Friso aqui a expressão “sem
objetivos” porque me parece que os ateus adeptos da teoria da evolução esquecem
que casualidades são eventos aleatórios e não ordenados. Não há um ordenador,
logo não há motivo para haver uma ordem. Em um universo onde todos os eventos
não apresentam um ordenador, não há finalidades a serem alcançadas. Logo, não
há evolução. Tudo é mera casualidade e a casualidade gera caos e não
ordem.
O argumento
teleológico pode ser resumido da seguinte forma:
(1) Os mecanismos
do universo e os organismos dos seres vivos são complexos e detalhados,
apresentando funcionalidade, estabilidade e finalidade;
(2) um universo onde todos os eventos são meras casualidades, sem objetivos
e sem um agente que ordena os eventos, não poderia ser responsável por tais
mecanismos e organismos ordenados;
(3) logo,
conclui-se que deve existir um agente ordenador inteligente que pôs o universo
e os organismos para funcionarem e deu estabilidade a este funcionamento; tudo
de maneira bem intencional.
A Sintonia Fina do
Universo
Suponhamos que você
tenha a missão de contar quantas bolas de sinuca verdes, azuis, pretas,
brancas, roxas, amarelas, vermelhas existem num conjunto de 9200 bolas. Com
certeza, por você ter mente, consciência e objetividade, contará as bolas
colocando-as em outros compartimentos do lugar onde você se encontra. Isso
evitará que as mesmas bolas sejam contadas mais de uma vez. Além disso, você
anotará de tempos em tempos o número de bolas, contará um grupo de cada vez
(para se errar, não errar todos os grupos de cores) e com sorte poderá cumprir
a missão ou chegar perto.
Agora, imagine que
você não pudesse transportar as bolas contadas para outros compartimentos do
lugar em que você se encontra. Todas deveriam ficar amontoadas, espalhadas por
todo o chão, em uma única sala e alcançando quase altura da mesma. Será que
você conseguiria obter os mesmos resultados corretos ou próximos, que
conseguiria no início? Dificultando mais: E se você não pudesse fazer as
anotações de tempos em tempos do número em que está? E se simplesmente tivessem
jogado você ali sem dizer o que deveria ser feito?
Está entendendo
onde quero chegar? Os valores que o universo necessita para comportar vida são
“milimétricos”. A probabilidade de acertar todos eles, sem a ação de um agente
que o faça conscientemente, é infinitesimal. Vamos pensar como um ateísta: para
acertar os números que possibilitam a vida, o universo não teve uma mente
objetiva para indicar o que precisava fazer e, a cada modificação, não pôde
jogar fora a possibilidade de cometer os mesmos erros novamente.
Para se ter ideia
do que estamos falando, podemos citar dar alguns exemplos do que aconteceria se
as constantes do universo, ajustadas desde o seu início, fossem minimamente
modificadas [1]. Eis aí:
(1) Se a constante da força da gravidade fosse alterada em 10 elevado
a – 37 por cento (ou, se preferir 0,00000000000000000000000000000000000001),
nosso Sol não existiria e, assim, nenhum ser humano.
(2) Se a força centrífuga do movimento planetário não equilibrasse precisamente
as forças gravitacionais, nada poderia ser mantido numa órbita ao redor do
Sol.
(3) Se a constante da interação gravitacional entre a Terra e a Lua
fosse maior do que é atualmente, as marés dos oceanos, a atmosfera e o tempo de
rotação seriam bastante severos. Se fosse menor, as mudanças orbitais
provocariam instabilidades no clima. Em qualquer das hipóteses, não haveria
vida na Terra.
(4) Se Júpiter não estivesse em sua rota atual, a Terra seria bombardeada
com material espacial. O campo gravitacional de Júpiter age como uma espécie de
aspirador de pó, atraindo asteróides e cometas que, de outra maneira,
atingiriam a Terra.
(5) Se o Universo tivesse se expandido numa taxa um milionésimo mais
lento do que o que aconteceu, a expansão teria parado, e o Universo desabaria
sobre si mesmo antes que qualquer estrela pudesse ser formada. Se tivesse se
expandido mais rapidamente, então as galáxias não teriam surgido.
(6) Qualquer uma das leis da física pode ser descrita como uma função
da velocidade da luz. Até mesmo uma pequena variação na velocidade da luz
alteraria as outras constantes e impediria a possibilidade de vida no planeta
Terra.
(7) Se a rotação da Terra durasse mais que 24 horas, as diferenças de
temperatura entre o dia e a noite seriam extremas. Se o período de rotação
fosse menor, a velocidade dos ventos atmosféricos seria grande demais.
(8) Cerca de 20% da atmosfera é composta por oxigênio. Se essa constante
fosse de 25%, incêndios espontâneos seriam comuns; sendo de 15%, seríamos
sufocados.
(9) Se o nível de CO2 fosse mais alto do que é agora, teríamos o
desenvolvimento de um enorme efeito estufa e todas as pessoas seríam queimadas.
Se o nível fosse menor, as plantas não seriam capazes de manter uma
fotossíntese eficiente e as pessoas não poderiam respirar.
(10) Se os níveis de vapor de água na atmosfera fossem maiores do que
são agora, um efeito estufa descontrolado faria as temperaturas subirem a
níveis altíssimos para a vida humana; se fossem menores, um efeito estufa
insuficiente faria a Terra ficar fria demais para a existência de vida.
Aqui pudemos
observar 10 constantes, cuja precisão é responsável pela existência de vida na
Terra. Entretanto, existem mais de 100 constatantes como estas, as quais,
embora não fossem estudadas há 2000 anos, seu efeito já era conhecido: a Terra
estava ali, perfeitamente habitável, com todo um sistema natural que trabalhava
junto, com um objetivo (uma meta), coisa que em um mundo ateísta, não existe.
Por esta causa, o apóstolo Paulo, no início de sua epístola aos Romanos afirma
assim:
Porquanto o que de
Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois
desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e
sua natureza divina [transcendente], têm sido vistos claramente, sendo
compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis (Romanos 1:20).
Considerações
Finais
Sobre todas estas
exigências milagrosamente satisfeitas, os ateus vêm tentando desenvolver inúmeras
explicações que fujam à necessidade da existência de um agente ordenador.
Lembro-me de um debate entre William Lane Craig (PhD em filosofia e teologia e
maior apologista cristão atualmente) e Austin Dacey (filósofo e humanista),
onde o segundo sustentou que coisas improváveis ocorrem. “Ganhar na loteria é
muito improvável, mas pessoas ganham” [2]. A analogia é ridícula! Comparar a
probabilidade de alguém ganhar na loteria com a de surgir um universo capaz de
comportar vida nele e de surgir vida espontaneamente neste universo é
insustentável.
Então, para
terminar este tópico, proponho um pequeno teste. Arrume um dado de seis lados.
Sua missão será jogar o seu dado seis vezes consecutivas e conseguir a série
correta de 1 a 6. Ou seja, todas as vezes em que a sua série não começar com 1,
ou começar com 1, mas não prosseguir com 2, 3, 4, 5 e 6, nessa ordem exata, sua
série já deve ser contabilizada como um erro. Sendo muito pequena a
probabilidade de isso ocorrer, tente fazer isso, pelo menos... 100 vezes por
dia... Durante o tempo que você quiser (sugiro que faça por um mês inteiro).
Tenho certeza de que jamais conseguirá a série correta.
Mas ainda que você
consiga, lembre-se: a probabilidade de o universo ter se ordenado sem uma
inteligência ordenadora que guiasse essa ordem é muito menor do que a
probabilidade de acertar a série correta em um dado de seis lados. Talvez seja
algo como acertar a série correta de um dado de 100 lados. Essa comparação é
desprovida de cálculos e eu não sou nenhum matemático. Entretanto, isso serve
para ilustrar o quão improvável vem a ser o surgimento do universo e da vida no
universo, caso não haja uma inteligência transcendente por trás disso.
_____________________________________
Bibliografia:
1. Livro: Não tenho fé suficiente para ser ateu, Norman Geisler e
Frank Turek
2. Debate: William Lane Craig x Austin Dacey, na Purdue University,
West Lafayette, Indiana, EUA, 2004. – Presente no l
FONTE
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