Marcas de uma Igreja Saudável
porKenneth O. Gangel
CHAMOU
MUITA ATENÇÃO no alto da folha de rosto do relatório anual de uma
pequena denominação evangélica a conhecida passagem do Profeta Isaias; “Eis que
faço uma coisa nova!”(NVI). Nas 459 páginas seguintes descreve-se como Deus
está fazendo para que essa comunidade de igrejas esteja esboçando a sua visão
para o futuro. Muitas de suas metas recentes têm sido alcançadas, algumas têm
sido arquivadas; outras revisadas em função de novos desafios surgem.
Um desses novos desafios é a chamada aos
membros para a oração, evangelismo, plantação de igrejas, “educar a todos
para que vejam a missão da igreja com os olhos e os corações de
Cristo”. Entusiasticamente, consta do relatório, “que essa é oportunidade que
Deus está dando à Sua Igreja”.
Assim, nesse relatório, os lideres denominacionais,
apresentam aos leitores o conceito de “igrejas saudáveis, sob o prisma
da Grande Comissão”, essas definidas como “comunidades de pessoas
cristocêntricas caracterizadas por serem impulsionadas por cinco paixões:
alcançar o perdido, edificar o salvo, equipar o obreiro, multiplicar o líder, e
enviar o vocacionado”. Quem há que possa desprezar essas preocupações? Porém, a
declaração logo é reduzida a resquícios elementares estatísticos. Subitamente,
parece que “igrejas saudáveis” são medidas não mais pelas cinco paixões, mas
como estariam em questão numérica, quadro que choca pela realidade totalmente
chocante demonstrada.
Os lideres cristãos, formadores de opinião, devem
aceitar o desafio de encarar o fato de que igrejas saudáveis, caso reconhecidas
assim em razão do tamanho delas, nunca será a garantia de qualidade espiritual.
As igrejas devem enfrentar o futuro na dependência total da soberania de Deus e
do poder de Sua Palavra, ao mesmo tempo em que deve tomar cuidado para não se
casarem com o espírito desta era e enviuvar-se na próxima. Se a palavra chave é
saúde, quais são as marcas de uma igreja saudável?
Este artigo sugere que as medidas das igrejas
saudáveis são as suas condições espirituais, os padrões bíblicos de ministério
seguidos, os fundamentos teológicos que se embasam, o modelo bíblico de
ministério em que se focalizam e os modelos de liderança igualmente bíblicos
adotados.
IGREJAS
SAUDÁVEIS SÃO MEDIDAS MAIS EM TERMOS ESPIRITUAIS DO QUE NUMÉRICOS
Na
verdade, as cinco paixões anotadas anteriormente vão além de simples contagem. Mas
que mede melhor a saúde espiritual da igreja? As igrejas devem tomar
cuidado para não se prenderem ao pensamento de são saudáveis simplesmente
porque estão crescendo numericamente. Os líderes de igreja não devem virar as
costas para igrejas pequenas ou estabilizadas. Os crentes de algumas igrejas
pequenas podem demonstrar mais maturidade espiritual do que os crentes de
algumas igrejas grandes. Klassen e Koessler, no livro deles, No Little
Places, (Nada é Pequeno), enfatizam que Deus julga o ministério
pela qualidade e não pelo tamanho.
Hoje o termo crescimento da igreja é
usado quase exclusivamente para significar crescimento numérico. Se os números
sobem, a igreja está crescendo. Se os números permanecem o mesmo, a igreja está
experimentando um “planalto” uma palavra que soa estagnação. Se os
números estão afundando, a igreja deve estar doente e em situação de declínio.
Tal
pensamento é ultra-simplista. O crescimento numérico pode ocorrer por razões
erradas. Por exemplo, durante o ministério do Jesus, muitos da multidão que o
seguiam estavam mais interessados nos seus milagres do que em sua mensagem
(João 6:26). Todos temos visto igrejas que estão ficando maiores por razões
erradas. Tais igrejas estão realmente crescendo? [1]
Vários textos bíblicos afirmam que os líderes não
deviam contar números. Claro que ninguém quer uma igreja de estrada de
chão num mundo de auto-estradas, mas em nenhum ponto das Escrituras é
encontrada qualquer autorização para medir a saúde com base somente
em tamanho. Os primeiros capítulos de Atos registram que alguns elevados
números de pessoas vieram a Cristo. Entretanto, Lucas jamais mencionou o
tamanho de qualquer congregação que Paulo visitou em suas três jornadas
missionárias, ninguém tem qualquer idéia do tamanho de qualquer congregação a
quem foram escritas as cartas do Novo Testamento.
Logo
depois de Lucas escrever que três mil pessoas foram acrescentadas à Igreja no
Dia de Pentecostes (Atos 2:41), ele declarou a fórmula para igrejas saudáveis
tanto para os seus dias quanto hoje. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos
e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e
muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.
Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuído o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão
de casa em casa, e tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração,
louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. (Atos
2:42–47).
Estes
crentes se empenhavam no estudo da Bíblia, oração, comunhão, louvor e adoração.
Sem programas especiais, slogans cativantes e novos paradigmas, muitos iam
sendo salvos dia a dia. O comportamento dos cristãos atraia a atenção dos não
salvos.
Para muitos cristãos a adoração é trabalho perdido.
Na vida de alguns crentes pode ser que isso jamais tenha sido de fato
cultivado. Parte do problema é que muitos pensam que a adoração é um ato,
falhando em perceber que a atitude é muito mais importante porque sem ela o ato
fica sem sentido. Além disso, para muita gente a adoração exige um lugar, um edifício
ou aposento para que possam “prestar seus cumprimentos” a Deus. Como escrevi em
outro lugar, “Adoração como serviço descreve pessoas permitindo Deus trabalhe
por intermédio dles a fim de criar uma comunidade espiritual. A adoração como
serviço envolve a compreensão e a aplicação dos dons espirituais e a
assunção do seu papel no corpo de Cristo (Rom. 12:6–8). A unidade, diversidade
e mutualidade da igreja extravasam quando os adoradores servem e os servos
adoram”. [2]
Igrejas saudáveis enfatizam a soberania de Deus,
que chama o Seu povo para O adorar. A adoração genuína começa com uma
consciência da presença e poder de Deus. Igrejas saudáveis praticam o
equilíbrio de adoração por meio de música que centraliza a atenção no
Trino Deus e com pregação que prendem mentes e corações à Sua Palavra.
Igrejas saudáveis não limitam a adoração a um único
compartimento da experiência Cristã. A adoração envolve compromisso total com
Deus em todo os aspectos da vida cotidiana.
Central para a vida congregacional saudável é o
mandato bíblico para o ministério mútuo (Rom. 12:5) e a participação disposta e
jovial de crentes na ministração de um para o outro (1 Pedro. 2:4–9).
Em conhecendo a Jesus Cristo, os crentes se tornam parte do corpo de
Cristo, a Igreja. Debaixo do sacerdócio de Jesus a igreja
mesmo é um sacerdócio. Em 1 Pedro, o autor se refere a Êxodo 19 em que Moisés
estava preste a subir à montanha para receber Lei do Deus. Deus disse para Israel,
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha
aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos,
porque toda a terra é minha; e vós me sereis reino de sacerdotes e nação
santa”. (Ex 19:5–6). A nação inteira de Israel, não apenas a tribo de Levi,
era para ser sacerdotes de Deus. O plano de deus era que Seu
povo o representasse no mundo. Ele seria o canal de Sua
revelação e de Seus propósitos de salvação. Essa era a comissão de Deus à
Israel. Embora Israel freqüentemente fosse infiel e a comissão era apenas
parcialmente cumprida, o propósito de Deus era claro. [3]
A saúde de igreja não começa com evangelismo ou
missões – ainda que ambos sejam conseqüentes. A saúde da igreja bíblica
começa com uma congregação Cristo-cêntrica, Bíblio-cêntrica determinada a ser
na vida pessoal, familiar e corporativa justamente o que Deus quer dela, e não
faz nenhuma diferença se o seu número seja quinze, mil e quinhentos ou quinze
mil.
IGREJAS
SAUDÁVEIS SEGUEM PADRÕES DE MINISTÉRIO QUE SEJAM MAIS BÍBLICOS DO QUE
CULTURAIS.
Apesar
de o evangelho sempre ter sido trans-cultural, os crentes têm sido
freqüentemente tentados a se adaptarem muito dramaticamente ao seu próprio
ambiente cultural a ponto de o Cristianismo perder seu caráter distintivo. Isso
amiúde surge de motivos sinceros, desejo de contextualizar o evangelho ou ser
“relevante para os tempos presentes”. Comumente visto no Renascimento e de novo
no Iluminismo, tal comportamento marca muito o evangelicalismo hoje. As igrejas
parecem presas a futurismos, movimentos, modas passageiras e slogans.
A teologia às vezes duvidosa do movimento de
crescimento da igreja contribuiu bastante para a adoção de uma abordagem centra
em resultados pragmáticos — se algo funciona, deve ser certo. MacArthur adverte
que “o abandono da igreja contemporânea do Sola Scriptura como o princípio
regulador abriu a igreja para alguns dos abusos mais grosseiros, jamais
imagináveis — inclusive cultos do tipo honky-tonk [4], a
atmosfera de algo semelhante a carnaval, e exibições de danças. Em sentido mais
amplo, a mais branda aplicação do princípio regulador deveria ter efeito
corretivo sobre tais abusos.” [5]
Em lugar de programas e paradigmas, os crentes do
primeiro século eram marcados pela unidade e generosidade. “Da multidão dos que
criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma
das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com
grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e
em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado
algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o
preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a
qualquer um que tivesse necessidade”. (Atos 4:32–35, NIV).
Nada que maravilhasse o mundo interessava! Por onde
quer que fossem, os crentes pregavam corajosamente a Palavra de Deus e
proclamavam o nome de Jesus e Sua ressurreição. As pessoas encontravam
significado nessa mensagem porque sabiam da qualidade dos relacionamentos
mantidos entre eles quando estavam juntos. “As Epístolas determinam as crentes
para serem um uns juntamente com os outros com base em sua nova
relação familiar em Cristo. Reiteradas vezes se vêem as instruções: sofram
juntos (1 Cor. 12:26), regozijem juntos (Rom. 12:15), levem os fardos uns dos
outros (Gál. 6:2), restaure um ao outro (Gal. 6:1), ore um pelo outro (Rom.
15:30), encoraje um ao outro (Rom. 1:12), perdoe um ao outro (Efé. 4:32),
confesse um para o outro (Tia. 5:16), seja verdadeiro para com o outro (Efé.
4:25), estimulemos um ao outro para boas ações (Heb. 10:24), e colabore um com
o outro (Filip. 4:14–15)”. [6]
Hayes enfatiza a comunidade de crentes da igreja
local.
Um dos conceitos imprescindíveis da igreja é o
contido na doutrina da comunhão dos santos. O Credo dos Apóstolos incluiu este
instituto como plataforma de fé. Anteriormente apresentamos a comunhão à luz
das marcas da verdadeira igreja. A realidade de um vínculo comum em Cristo entre
cristãos, apesar da raça, gênero ou classe deveria se uma marca obvia da
igreja. Mas a koinonia, essencial para o Corpo de Cristo, é mais do que uma
questão de ligação. Importa em responsabilidade e accountability [7].
A comunhão dos santos deveria revelar de modo corporativo nossa unidade em
Cristo e nossa accountability perante a Palavra e os outros
crentes. “Porque nenhum de nós vive para si, escreveu Paulo, “e nenhum de nós
morre para si”. (Rom. 14:7). [8]
As atividades da igreja, portanto, são as centradas
nos crentes, e o evangelismo ocorre quando os crentes fazem contato com os
descrentes fora da igreja. Nesse sentido, MacArthur coloca em dúvida a
justificativa bíblica da filosofia chamada saída para a “o melhor serviço para
o cliente” [9]. “Não há apoio na Escritura para semanalmente adaptar os cultos
à preferência dos descrentes. Realmente, a prática demonstra isso estar
contrário ao espírito das Escrituras, tomadas como um todo, que diz acerca da
assembléia de crentes. Quando a igreja se reúne no Dia do Senhor, não é hora
para entreter o perdido, distrair a irmandade, ou de qualquer maneirar
satisfazer as ‘necessidades sentidas’ dos presentes. E quando devemos nos
curvar na presença de nosso Deus como congregação de seu povo, e honrá-lo com a
nossa adoração”. [10]
Segundo o padrão bíblico, edificar os crentes
precede o alcançar o perdido ou qualquer outra valiosa paixão. Os crentes devem
primeiro desenvolver um espírito de unidade, mutualidade e generosidade. O que
pode ser mais ineficaz para o efeito de cumprimento da Grande Comissão do que
as pessoas não-salvas de uma igreja a verem caracterizada por reclamações,
amarguras, críticas e hipocrisia?
IGREJAS
SAUDÁVEIS ESTÃO EMBASADAS MAIS EM FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS DO QUE SOCIOLÓGICOS
Muitos
líderes cristãos incorporam as sugestões do pragmatismo sociológico (conforme
sugerido acima), ignorando a verdadeira dinâmica da teologia bíblica, e
inclusive falhando em avaliar os elementos culturais e sociológicos pelo
diapasão da Escritura. Os Guinness levanta exatamente esse em
sua crítica ao movimento de crescimento da igreja. “Por um lado, sua
compreensão teológica é freqüentemente superficial, com quase nenhum elemento
de crítica bíblica. Como um proponente famoso declara, ‘eu não lido com
teologia, eu sou simplesmente um metodologista' – como se a sua teologia
servisse para o manter critico e a sua metodologia fosse neutra. Mas de fato, a
teologia raramente é mais do que marginal no movimento de crescimento de
igreja, bem como a discussão das marcas tradicionais da igreja é virtualmente
inexistente. Ao invés disso, a metodologia ou a técnica, está no centro e no
controle. O resultado é uma metodologia sozinha de vez em quando em busca de
uma teologia”. [11]
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento concorda
que Efésios identifica metas bíblicas para a igreja e descreve como essas podem
ser alcançadas. Naquela carta Paulo não lidou com erro ou heresia mas buscou
expandir os horizontes espirituais dos crentes. Onde em Efésios Paulo discutiu
programas e estatísticas? Onde naquela carta ele abordou crescimento ou
estagnação ? O que disse a respeito de edifícios e gestão de fundos — ambas
supostas marcas de uma “igreja saudável” em décadas recentes?
É claro que o apóstolo nunca discutiu estes
assuntos. Ao invés ele descreveu pessoas humildes fazendo progresso espiritual
com Deus e um com o outro. Ele ofereceu uma fórmula que pôde mudar uma igreja
de qualquer tamanho da doença espiritual para a saúde em termos de semanas,
dizendo para eles viverem a vida cristã “com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente
guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só
Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, e por todos e em todos.” (Efésios 4:2–6).
Alguém pode responder, “que esse ideal pode ter
marcado as igrejas do Novo Testamento. Mas depois de dois mil anos de guerra
espiritual, os inimigos da alma parecem ter de forma mais sombria se armado
contra o povo de Deus.” Pode até parecer isso, mas o secularismo moderno dispõe
de ameaça à verdade bíblica equiparável ao paganismo romano; de fato as
semelhanças são impressionantes.
Em relação à guerra espiritual, os líderes da
igreja devem prestar redobrada atenção para o que a Bíblia diz a fim de que
outra da moda religiosa não desvia o seu sentido para longe da centralidade na
verdade de Deus. Armstrong faz uma pergunta crucial: “Onde somos autorizados a
lidar com o reino de Satanás da mesma maneira que o nosso Senhor lidou com o
assalto frontal direto a Sua pessoa e a Sua mensagem vista nos Evangelhos?”
[12] Armstrong responde à sua própria pergunta: “O modo bíblico de lidar com o
diabo nesta época é mais simplesmente declarada: Temos que ‘nos revestirmos de
toda a armadura de Deus;' (Efé. 6:11). Não fazemos isso por nossa própria
força, mas ‘no Senhor’. O retrato perfeito aqui é que vamos batalhar contra um
oponente que está do lado de fora nós. Como disse Jesus, ‘as postas do inferno
não devem prevalecer.’ Portas significa uma postura defensiva. A igreja está em
marcha pela Palavra e oração que luta contra o Diabo. Nós o combatemos
‘permanecendo firmes’. Só o fazemos com a verdade.” [13]
Não pretendo fazer nenhuma crítica geral a todo
interesse ou formas de crescimento da igreja. Afinal, dois desses livros
fortaleceram meu próprio ministério: Body Life, de Ray Stedman
(Grand Rapids: Discovery House, 1995), e Sharpening the Focus of the
Church, de Gene Getz (Wheaton, IL: Victor, 1984). Quando livros de
crescimento de igreja estão fundamentados em teologia bíblica, eles servem para
o bem. Mas quando abandonam essa base, falham miseravelmente. Schwarz discute
oito qualidades de uma igreja de crescimento saudável: liderança autorizada,
ministério direcionado aos dons, ardente espiritualidade, estruturas
funcionais, cultos que inspira adoração, grupos pequenos integrais,
direcionamento às necessidades de evangelismo e relações amoráveis. [14]
Para estes oito fatores essenciais Getz e Wall
oferecem outros quatro adicionais: pregação e ensino bíblicos, líderes
visionários e espirituais, unidade, e liderança. [15] Getz e Wall discutem a
medida de crescimento de igreja, assimilação dos recém-chegados, encorajamento
da participação do membro, e numerosos outros assuntos técnicos. Mas eles
enfatizam a singularidade de cada congregação em seus esforços para se tornar
em tudo aquilo que Deus quer que ela seja. “Conseqüentemente, os princípios que
se extraem deste estudo nunca podem tomar o lugar da busca humilde da face do
Senhor e a resposta obediente com fé corajosa à liderança de Deus em relação à
Sua própria igreja. Os pastores sábios evitam comparar suas igrejas com outras
igrejas, e evitam imitar outras igrejas. Cientes das qualidades bíblicas de uma
igreja saudável, pastores sábios lideram seu rebanho do modo que eles crêem que
o Sumo Pastor esteja guiando os seus rebanhos”. [16]
A questão central de qualquer ministério é, por que
Deus ergueu este trabalho, neste lugar, neste momento, e o que Ele quer fazer,
para e por nós?
IGREJAS
SAUDÁVEIS SE FOCALIZAM MAIS NUM MODELO DE MINISTÉRIO DO QUE DE MARKETING.
Na Revista norte-americana U.S. News &
World Report, John Lelo se reporta a uma publicação de 1983, intitulada “I,
Rigoberta Menchú”, que se tornou um texto intercultural em muitas áreas.
Ganhou o Prêmio Nobel em 1992 como uma obra de não-ficção. Mais recentemente,
pesquisa do antropólogo David Stowell descobriu que porções enormes do livro
eram aparentemente falsas. Em uma surpreendente reação adversa, os professores
universitários defenderam o livro e seu autor e atacaram a pesquisa que
estabelece a falsidade do livro.
Stowell
aborda o assunto de uma perspectiva complacente, concedendo a Menchú o
benefício da dúvida em todos os pontos. Apesar disso, assim ele coloca a
questão, “Quando comecei o relato de meus descobrimentos, alguns de meus
colegas os consideraram muito sacrílegos”. [17] Em outras palavras no moderno
mundo acadêmico, a teologia da libertação representa o centro da realidade e
ninguém ousa desnudar um ícone político que atacou as culturas de opressão. A
verdade nada que se preocupa com a defesa da posição estabelecida é aceitável.
Os defensores de Menchú respondem que a sua escrita não é uma ato de
desonestidade, mas é narrativa meramente geral. Aqui é resposta de Lelo: “Por
que não é desonestidade? Porque nossa cultura universitária põe mais ênfase na
verbalização, narrativa, e descrição do que na verdade. Um número crescente de
professores aceita a noção pós-moderna que não existe tal coisa como verdade,
só existe retórica. O resultado é o obscurecimento da distinção entre história
e literatura, fato e ficção, honestidade e desonestidade. Um professor horrorizado
escreveu em uma mensagem de Internet que ‘A controvérsia de Menchú, como a
controvérsia Clinton, revela a profundidade da indiferença acadêmica para com a
verdade na era pós-moderna’”. [18]
Essa é uma ilustração dramática de uma
epistemologia cultural dirigida ao modelo mercadológico, relativo ao marketing.
Um dos perigos da prosperidade é a ênfase constante e obstinada na venda de
idéias seja de que forma ou meio que for. Apesar disso, os evangélicos e suas
instituições precisam prover de um oásis no deserto estéril para esse tipo
pensamento mortal. Devem testar tudo que o for dito e escrito pelo padrão
absoluto da verdade de Deus. Como Kaiser escreveu certa feita, “Os evangélicos
afirmam que a Bíblia é a Palavra de Deus e por isso completamente verdadeira e
fidedigna. É a autoridade pela qual os evangélicos formam seu pensamento sobre
que é verdade sobre Deus e o mundo e pelo qual se são guiadas suas vidas e
práticas”. [19]
Igrejas saudáveis rejeitam a mentalidade
mercadológica em sua busca pela eficácia. Enfatizam o funcionamento em graça e
poder do Deus em um nível de excelência de acordo com os recursos que Ele
proveu. Porém, as pessoas de cultura dos dias de hoje que afirmam possuírem e
viverem pela verdade absoluta são as se colocam diretamente no trilha do
desprezo e da infâmia. Uma cultura induzida pela paixão em relação à economia
dificilmente respeitará a excelência no ministério.
Uma igreja saudável mantém um modelo bíblico de
eficácia com vistas a executar a sua missão em lugar de um modelo de sucesso
mundano medido pelos colegas de campo evangélico. Os evangélicos foram chamados
por Deus para ser um movimento de protesto no mundo — não um grupo de negativos
resmungões e vítimas, mas um grupo servos batalhadores com um alto compromisso
perante o Senhor. “Nossa tarefa é crescer com uma consciência de nossa unidade
e vitalidade em Cristo, e mostrar esta força a um mundo que desesperadamente
precisa conhecer algo sobre a pessoa que é tanto o Nosso Salvador quanto Nosso
Senhor”. [20]
IGREJAS
SAUDÁVEIS ADOTAM MAIS MODELOS DE LIDERANÇA BÍBLICOS DO QUE SECULARES.
A
deficiência no meio de cristãos contemporâneos em captar o claro, distintivo
modelo de liderança-serva do Novo Testamento parece que disseminado e evidente.
Como o quadro se tornou tão distorcido? Muitos pastores, presidentes, e
dirigentes de campos têm comprado um modelo autocrático de liderança que
contempla justamente o padrão antigo em termos de teologia, um estilo político,
antiquado até perante a literatura secular atual. O fato que ele às vezes não
conseguem podem superar a realidade da incontestável oposição ao Novo
Testamento. Há pessoas que são mais prejudicadas, machucadas, nas igrejas pelos
estilos de liderança opressiva do que por salários inadequados e ou edifícios
caindo aos pedaços.
A melodia da liderança compartilhada ecoa
praticamente em toda a literatura secular contemporânea acerca de liderança.
“Os padrões tradicionais de liderança podem ter sido aceitos no passado podem
não ser bem sucedidos no futuro. O líder da comunidade do futuro estará diante
de maiores desafios para reter membros. O sucesso do líder na adaptação ao novo
mundo da comunidade da livre escolha será o gigantesco fator para a
determinação do sucesso e da prosperidade em longo prazo da comunidade”. [21]
Os líderes de igrejas saudáveis reconhecem que
nenhuma soma de técnica com estratégia, nenhuma cópia do modelo mercadológico
vigente, pode conduzir suas congregações pelos charcos de atmosfera carregada
de gases venenosos de imoralidade por onde atravessam com seus barcos
espirituais. Indistintamente, Paulo, Pedro, Tiago e João, concluíram face as
suas experiências de vida e ministério pela advertência quanto a deterioração
da sociedade. A cultura ocidental tem produzido uma educação de filhos
permissiva, igrejas teologicamente rasas e padrões morais determinados por vantagens
e lucros. A maturidade espiritual por parte de muitos líderes de igreja e por
parte muito maior de congregados não pode ser presumida.
Na legítima intenção de vincular a saúde com a
qualidade antes que com a quantidade, há líderes da igreja que não deixa de
prestar atenção para aquilo que é essencial ao exercício do ministério;
inclusive declaração de missão, visão e definição de papéis; realização de
metas; planejamento estratégico e concessão de poderes a outros. Mas eles se
medem por um padrão diferente.
Às vezes a realização pode ser quantificável, como
o número de visitas que um pastor poderia fazer em um determinado mês, ou a
expansão dos dias dedicados ao aconselhamento de dois para cinco.
Freqüentemente, porém, olhamos a mudança de vida como a avaliação do alcance
das metas ministeriais. Uma congregação que pareça egocêntrica e preocupada com
seus próprios programas e obras pode, pode ser vista como uma meta de longo
prazo alcançada por um pastor depois que essas mesmas pessoas aprenderem trabalhar
como uma comunidade interdependente que mostre a preocupação com outras
pessoas. Um diretor de campo de missionário que leva pessoas altamente
qualificadas em suas especialidades, mas ineficazes como uma equipe de
ministério poderia louvar Deus por ajudarem-nas a desenvolverem unidade e um
espírito genuinamente cooperativo que produz resultados para a equipe. [22]
O pensamento atual diz que a saúde de uma igreja
não acontece sem a abordagem contemporânea e desconstrucionista de ministério.
Porém, as igrejas nunca se tornarão espiritualmente saudáveis meramente por
meio de paradigmas ou programas. Os compromissos bíblicos, de cada congregado,
cada líder, cada oficial de igreja, devem ser com as prioridades e alvos de
Deus, e de permitir que Ele produza nessas igrejas o que Ele quer — e não o que
Ele na quiser.
Longe de desprezar o cumprimento da Grande
Comissão, esta abordagem, uma vez que é obviamente mais bíblica, realça a
missão dos crentes de conhecer Jesus Cristo, exaltá-LO e levá-LO aos outros, e
edifica-os na fé. Deus quer realizar estas metas pela Sua igreja e pelo Seu
poder. As igrejas precisam estar certas de que os métodos, movimentos e
manipulações do cristianismo cultural moderno não conseguem fazê-lo do modo
certo.
* Kenneth O. Gangel é
estudioso autodidata, ligado ao Toccoa Falls College, Toccoa Falls, Georgia, e
Distinguido Professor Emérito de Educação Cristã no Dallas Theological
Seminary, Dallas, Texas.
NOTAS:
[1] - Ron Klassen e John Koessler, No
Little Place (Grand Rapids: Baker, 1996), 24 (itálicos dos autores).
[2] Kenneth O. Gangel, “Reexamining
Biblical Worship” em Vital Ministry Issues, ed. Roy B. Zuck
(Grand Rapids: Kregel, 1994), 171.
[3] Howard A. Snyder, Liberaying
the Church (Downers Grove, IL: Inter-Varsity, 1983), 170–71.
[4] Isto é, cultos “perfomáticos”, animados como
num clube de diversão, com prejuízo da reverência. N.do T.
[5] John F. MacArthur Jr.,
“How Shall We Then Worship?” em The Coming Evangelical Crisis,
ed. David Wells (Chicago: Moody, 1996), 181.
[6] Raymond C. Ortlund, “Priorities
for the Local Church,” in Vital Ministry Issues, 91
[7] Palavra sem correspondente em português.
Traduzível por obrigação de prestar contas. No sentido empregado aqui evoca a
idéia de que “impor accountability significa de modo muito
simples “controlar” N.do T.
[8] Ed Hayes, The
Church, Swindoll Leadership Library (Nashville: Word, 1999), 124.
[9] Literalmente,
“seeker-service”. (N.do T.)
[10] MacArthur, “How
Shall We Then Worship?” 185.
[11] Os Guinness, “Sounding
Out the Idols of Church Growth,” in No God but God, ed. Os
Guinness and John Seel (Chicago: Moody, 1992), 155.
[12] John H. Armstrong, “How
Shall We Wage Our Warfare?” in The Coming Evangelical Crisis,
236.
[13] Ibid., 237.
[14] Gene Getz and Joe
Wall, Effective Church Growth Strategies, Swindoll Leadership
Library (Nashville: Word, 2000), 96–107.
[15] Ibid., 107–10.
[16] Ibid., 118 (itálico
deles).
[17] David Stowell, quoted
in John Lelo, “Nobel Prize for Fiction?” U.S. News & World Report, January
25, 1999, 17.
[18] Ibid.
[19] Walter C. Kaiser Jr.,
“What’s So Important about Inerrancy?” Evangelical Beacon, October 1, 1990, 6.
[20] Darrell Bock, Alister
McGrath, Richard Mouw, e Mark Noll, “Scandal? A Forum on the Evangelical
Mind,” Christianity Today, August 14, 1995, 75.
[21] Marshall Goldsmith, “Global
Communications and Communities of Choice,” em The Community of the
Future, ed. Frances Hesselbein et al. (San Francisco: Jossey-Bass, 1998),
114.
[22] Kenn Gangel, Coaching
Ministry Teams, Swindoll Leadership Library (Nashville: Word, 2000), 74.
Fonte: BIBLIOTHECA SACRA 158
(Outubro-Dezembro 2001): 467–77
Tradução: Pb. Anamim Lopes da Silva.
Brasília-DF.
Brasília-DF.
Fonte:
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